sexta-feira, setembro 01, 2006
[1.035/2006] A política humanista e profissional do Governo II
Acabo de ouvir na SIC-Notícias uma entrevista, a propósito das recentes medidas governamentais em matéria de prevenção das toxicodependências, pouco verosímil com a realidade com que se deve enfrentar o universo das drogas. Desde um Mário Crespo irreconhecível, admirava-se o entrevistador com a resposta do site do IDT, por este indicar que não há "receitas" para evitar que as pessoas consumam droga. (Se tal "receita" existisse, tal panaceia não teria sido já assumida?!) E um entrevistado, um médico, inenarrável. Ao longo de alguns minutos, o entrevistado enumerou vários considerandos merecedores de pouca credibilidade, como por exemplo, a defesa da não diferenciação de drogas. Como se drogas leves e duras não requeressem abordagens distintas. Por outro lado, esqueceu-se de mencionar os novos consumos de drogas, principalmente nos mais jovens, fruto de novas realidades de convívio, diferentes daquelas que ainda hoje se perpetuam com a cocaína e heroína. A entrevista, que devia centrar-se nas diversas medidas do Governo, acabou por se centrar na introdução das salas de injecção assistida, como se estas fossem a única medida do Governo. Infelizmente, durante toda a entrevista transpirou o slogan adoptado pelas campanhas preventivas adoptadas nos Estados Unidos na década de 80. Apregoavam as campanhas: "não consumas drogas, porque as drogas são más". Esta campanha revelou-se um desastre, pois a mensagem acabou por ter efeito inverso ao desejado. Sem querer, o médico referiu o porquê do consumo: o prazer que o consumidor tem ao ingerir a substância da qual se tornou dependente. É preciso encarar e perceber o fenómeno: as substâncias dão gozo e essa satisfação tem como consequência física, psíquica e social nefastas. Os Intendentes, as Curraleiras e outros tantos lugares semelhantes a estes por este país fora, não podem continuar a ser salas de chuto públicas, sem qualquer segurança e respeito pela dignidade humana, dos que estão sãos e, também, dos que estão doentes. Por outro lado, o tráfico deve continuar a ser uma prioridade. Mas, saibamos distinguir o que é de Saúde do que é de Polícia e Justiça. O bastão é tratamento incontornável e indispensável para o tráfico, não para a recuperação do Ser Humano. CMC
10:10:00 da tarde
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