segunda-feira, fevereiro 19, 2007
[0.212/2007] Comunicação - reflexos e reflexões
Num texto lá para baixo referia-me ao falhanço que adivinho no novo RCP de Luís Osório, que trocou a função Rádio pela de Blog falante, quando lhe retirou aquilo que de mais importante tinha. A Rádio deve misturar em doses certas, as notícias e comentários com a música e deve saber seleccionar o horário para o fazer. Tem de ser um meio leve e despreocupado de companhia ou um órgão de comunicação social, uma espécie de disc-jóquei que agrada na selecção e está consciente de que a hora de transmissão é fulcral para cada uma dessas funções. É verdade que no carro ou em casa enquanto nos preparamos para sair, podemos ter por fundo a música preferida seleccionada por nós próprios (prescindindo da rádio), mas fica a faltar-nos a função que nos alerta para o trânsito, a metrologia que nos obriga à gabardina ou ao guarda-chuva, ou os cabeçalhos noticiosos que nos despertam para a matérias do dia. O que não temos, de certeza, é disponibilidade para às sete da manhã, preocupados com o tempo que se esgota e a corrida para o trabalho, escutar alguém dissertar sobre o sexo dos anjos.
Gostei de ler o que Pacheco Pereira escreveu no Abrupto sobre as novas posturas reservadas à comunicação social assim como concordo com a referência que faz a um texto de Gorjão (série trilogia dos 3 Q’s) onde deixa para o "papel" a combinação da qualidade.
Também aqui, tal como na Rádio, o doseamento é imprescindível. Também aqui como na Rádio, há que ter presente que nos tempos que correm, o aprofundamento dos assuntos em todas as matérias, está disponível e acessível nos mais diversos suportes, reservando-se ao jornal a diversidade nos temas, o alerta, a biografia e o registo noticioso e de opinião para primeira reflexão. A instantaneidade da informação e a permanente actualização não se compadece com o conceito antiquado de leitores ou ouvintes, tendo que encará-los como parte integrante e interactuante, ainda para mais sabendo-se que as notícias estão em actualização permanente, impossibilidade material da informação impressa. A comprovar esta falta de entendimento fica o erro, na altura aqui apontado, do o Público (e primeiro o Expresso) se ter retirado da Internet gratuita, erro que já corrigiu em parte e que lhe valeu, pelo menos, quebra do protagonismo que detinha na Blogos. Há que entender as funções que cada um destes meios tem e há que explorar até ao limite as capacidades de interacção e protagonismo com os meios emergentes de comunicação, profissional ou não. Não é por acaso que os suportes têm formas diversas, cada um deles com o seu registo e cada um deles com identidade própria.
Por abordar fica uma questão bem mais grave que nunca poderemos deixar de equacionar. Os registos, principalmente os electrónicos, têm tido uma evolução rápida na tecnologia e não estão asseguradas as plataformas de descodificação. Como exemplo, fraco e sem expressão mas fácil de entender, temos disquetes que já não são lidas na maior parte dos nossos computadores e discos de vinil lidos por muitos poucos, por falta de tecnologia-leitora. A estas questões voltarei mais tarde, se o engenho e arte me permitirem falar dos teraby(i)tes de informação que já hoje estão praticamente perdidos por não terem sido revertidos para os suportes de interpretação actuais e que deixam esses conteúdos no limiar do lixo electrónico. LNTEtiquetas: Comunicação Social, Informática, lnt
12:34:00 da manhã
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