quarta-feira, fevereiro 25, 2004
[0.038/2004] Compras da bola
As farpas em tom anedótico lançadas no passado fim-de-semana, ainda em terras de Sua Majestade, por Sir Alex F. têm a sua razão de ser e mais do que qualquer ofensa primária, e dirigida em exclusivo, ao F.C.P., elas dirigem-se, sem o conceituado treinador ter noção do que confessava em relação ao futebol português, aos outros grandes portugueses: S.L.B. e S.C.P. Se o F.C.P. tem dominado o futebol nas últimas duas décadas, tendo alguns pontos altos a nível europeu, em 1987 e 2003, o nosso futebol anda pelas ruas da amargura, amargura esta que tantas vendas dão aos jornais da especialidade. Para além dos excessivos programas televisivos, actualmente sem a pujança de outros tempos, mas ainda com excesso de protagonismo num país mais esfomeado de educação do que de lavagem de roupa suja. Como disse ontem, na conferência de imprensa, Sir Alex, desde 84, na altura treinador do Aberdeen - a primeira vez que se deslocou a Portugal como treinador, que o F.C.P. domina o futebol português e vinte anos passados, regressando o escocês a Portugal, o F.C.P. continua a comandar. Com a excepção de há uns anos o B.F.C. ter triunfado e há muito mais tempo o C.F.B., só três clubes têm privilégios de foco. Ora, quer os dois grandes da capital, que já atingiram o topo nos idos de 50 e 60 do passado século e agora o grande da Invicta estar na mó de cima, o nosso futebol pouco mais passa deste disco riscado, que ora vira vermelho, ora verde, ora azul. É neste ponto que acabo por concordar com Sir Alex. O nosso futebol adquire-se num supermercado, que para mim mais se aparenta com um mini-mercado, onde só há lugar possível, para transitar, para três, onde, para se estar, só é possível quando dois se agrupam de um lado e o outro fica na parede oposta, a denominada dança das alianças, tão válidas hoje como tão impossíveis amanhã. O país acompanha e sente esta novela há demasiado tempo e até hoje ainda não se cansou. A telenovela futebolística tem este condão, não se esgota em pouco tempo. Num campeonato em que a qualidade de futebol é baixa e onde o vencedor é encontrado no final da primeira volta, que podemos esperar, senão estas trocas e baldrocas que entre Setembro e Junho nos servem para iludir temporariamente a realidade nacional. Não se pode escamotear que o futebol, em parte, também é um bom medidor da envergadura do país. Neste caso, o nosso futebol não escapa aos factos, até os corrobora, nomeadamente na mania de querer viver acima dos custos de vida. A crise no futebol é grande e as dificuldades das modalidades amadoras são maiores, as grandes prejudicadas pelo excesso de bola. Seria de bom tom, para o país, começar a alterar o seu modo de compras, sob pena de qualquer dia nos sujeitarmos a ter um só produto no supermercado e é certo e sabido que uma variedade de produto, não só é enjoativo, como é prejudicial, visto que o organismo precisa de mais ingredientes para perdurar. CMC P.S. - Mais logo, ao invés do Nuno, eu torço pelo F.C.P., como amanhã pelo S.L.B.
8:58:00 da manhã
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