quinta-feira, março 25, 2004
[00.220/2004] Entrevista sobre a Lucidez
Vale a pena perder, ou melhor, ganhar algum tempo e ler a entrevista que José Saramago deu ao DN. Não sendo eu apreciador da escrita deste laureado, até hoje todos os livros, foram poucos, que já tive oportunidade de ler do militante comunista, não os consegui ler até ao fim. Talvez a primeira impressão que tive, “Todos os Nomes”, me tenha enfastiado e afastado das escritas de Saramago. Anos mais tarde comecei a ler “Ensaio sobre a Cegueira” e estava a gostar de ler, até que, já não me recordo qual o motivo, deixei o livro na estante. Ainda hoje ele está por lá, na prateleira, a consumir o pó das redondezas. O livro que hoje saiu, “Ensaio sobre a Lucidez”, já tive oportunidade de o adquirir, criou-me, pelo que tenho tido oportunidade ler nos últimos tempos, muitas expectativas e espero desta vez assumir o compromisso que fiz comigo mesmo e lê-lo até ao fim. Mas, como afirmava inicialmente, vale a pena ler a entrevista que o DN hoje publica. Concordo com quase tudo o que o escritor afirma, mas não tudo; e, começo a ter a sensação, acabando por fazer a tradicional analogia entre a pessoa e o vinho do Porto, isto é, quanto mais velho, melhor. Saramago assume-se indiscutivelmente como vermelho, mas lúcido e despretensioso se confessa. A sua discórdia, há uns meses, com a actuação do seu camarada e Presidente de Cuba, vem marcar um novo período na sua militância civilizacional. Os longos e experientes anos de vida deste exilado em Lanzarote podem ter-lhe dado, de certeza que deram, amarguras e angústias, desde o falhanço do projecto soviético ao sentimento de não agradecimento da sua pátria (pela parte dos seus responsáveis políticos de então) para com o seu vasto trabalho literário. Pode ser um escritor de pena triste e cansada deste tipo de mundo em que estamos inseridos. Globo que nos é servido a nível literário como sombrio e pouco promissor, mas esta “lucidez” é tão importante para nos fazer rever a sociedade em que estamos inseridos, mas também o nosso papel na sociedade. Talvez comece a ser a altura de “os cães uivarem”... CMC
4:23:00 da tarde
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