terça-feira, março 30, 2004
[00.249/2004]
Pontos Cardeais
Quando ouço, ou leio, o que tem sido frequente neste universo bloguítico, que Direita e Esquerda já não fazem sentido, acabo por colocar a dúvida a mim próprio, para não recorrer ao aforismo excessivamente gasto de Alain, se essas pessoas, que consideram Direita e Esquerda algo de um passado distante, se retiram, à Rosa-dos-Ventos, os pontos cardeais Norte e Sul. Pela lógica chego à conclusão que devem ser indiferentes ao local em que se encontram. Estão e pronto. Pouco importa onde se estabelecem.
Como disse Ortega y Gasset em A Rebelião das Massas: “Este homem-massa é o homem previamente esvaziado da sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as doutrinas chamadas «internacionais». Mais do que um homem, é apenas carapaça de homem constituído por meros idola fori; carece de um «dentro», de uma intimidade sua, inexorável e inalienável, de um eu que não se possa revogar. Daí que esteja sempre na disponibilidade de fingir ser qualquer coisa. Só tem apetites, crê que só tem direitos e não crê que tem obrigações: é o homem sem a nobreza que obriga – sine nobilitate-, snob*.”
Parece que as pessoas nem chegam a tapar a face, procuram que ela não tenha rosto e sendo o Ser Humano dotado de sentidos, o objectivo que perpassa nestes tempos é não ter qualquer dos cinco, ou seis, sensíveis. Importa o imediato tentando hipotecar-se o pretérito e o porvir.
Um dia encontrarão o seu Rosebud!
CMC
*Nota de rodapé da obra mencionada, para esclarecimento do termo snob: Na Inglaterra as listas dos moradores indicavam junto de cada nome a profissão e a classe da pessoa. Por isso, ao lado do nome dos simples burgueses aparecia a abreviatura s. nob., quer dizer, sem nobreza. É esta a origem da palavra snob.
3:50:00 da tarde
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