segunda-feira, março 29, 2004
[00.246/2004]
Reavivar a Democracia
A mudança política que tem ocorrido nos últimos dias, Espanha e França viraram à esquerda, acabará por pouco pesar no futuro próximo da União Europeia, na medida em que o PPE será o grande vencedor das eleições para o Parlamento Europeu, entretanto mais recheado de eurodeputados provenientes dos países que entrarão na UE no próximo dia 1 de Maio.
Recentemente, tem-se focado as mudanças que aconteceram aos heróis e às bestas de ontem, os que apoiaram ou contestaram a intervenção na Mesopotâmia, e, consoante a perspectiva, quando não se é considerado uma coisa classifica-se como outra. A tendência para simplificar o complexo.
José Maria, apoiante incondicional de G.W.B. já saiu do baralho; Monsieur Jacques sofreu ontem um revés eleitoral que augura o regresso a breve prazo dos socialistas franceses, possivelmente em coligação, ao poder; Tony Blair arrisca-se a uma pesada derrota nas eleições de Junho e o que daí poderá, em futura eleições, advir, caso a nova liderança Conservadora consiga rentabilizar o descontentamento britânico em relação à Europa com a qual as ilhas de Sua Majestade mantêm não um, mas dois pés atrás; Herr Gerhard mais cedo ou mais tarde acabará por cair, o escrutínio de 13 de Junho será agoniante para os actuais governantes alemães; e, finalmente, as mais do que esperadas eleições de 2 de Novembro, quando o xeque-mate pertencer aos eleitores norte-americanos. De duas uma, ou a tendência do unilateralismo recrudesce, caso a presente Administração triunfe, ou o diálogo regressará, assim alcance J. Kerry aquilo que muitos cidadãos deste mundo desejam, mais do que a vitória democrata, uma pesada derrota republicana.
Em Israel, a queda do actual Primeiro-Ministro é pedida por muitos, devido às ilegalidades a que está associado e mesmo tendo uma política de consensos, à direita e à esquerda, no domínio da defesa integral do Estado israelita, a democracia continua a alentar no Estado fundado em 1947, o único, da região, verdadeiramente democrático.
2004 pode ser o ano da mudança definitiva. Aqui ao lado, em Espanha, isso sucedeu. Para lá dos Pirinéus a vontade de câmbio apareceu ontem e em Novembro, do lado ocidental do Atlântico norte, a possibilidade de um novo inquilino em Washington significará o encerramento de um dos momentos mais angustiantes da Humanidade ocidental nos últimos tempos, depois de uma embriagante comemoração, devido à queda do Muro vermelho, mas que também conduziu o Ocidente a um estado de letargia e por isso, hoje, vê-se confrontado com a força que detêm e o receio que sente.
Se, e só se, o capítulo desta alteração política acontecer, de facto, esta mudança não significa, imediatamente, a modificação da realidade. Todavia, há um pormenor que por vezes nos esquecemos, por tão habituados estarmos à Democracia: a Esperança.
É tempo de a Cidadania ocidental ter consciência que, por muito inseguro que todo o hemisfério dito civilizacional possa suportar, o voto é uma arma, não só de Guerra, mas também da Paz. Entre os dois binómios, das pombas e dos falcões, reside a Esperança e cada cidadão, em Democracia, tem esse poder de escolher, o único, nos dias de hoje que é comum a todo Ser Humano, independentemente da condições: social, económica e cultural.
Muito para lá da partidocracia instalada nas nossas sociedades políticas, há uma escolha que só cada um de nós pode fazer. Por mais imperfeito que seja o sistema, há perfeições, como o simples acto de optar, que não deve ser retirado a cada um.
A virtude da Democracia é desmantelar as pseudo-entronizações.
A força de cada voto, é a força da Esperança.
CMC
5:57:00 da tarde
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