sexta-feira, abril 23, 2004
[00.349/2004]
É evidente,
meu caro Luís, a Paixão Democrática
É evidente que as paixões não podem ser apagadas, por que, por mais que qualquer Ser o tentasse, jamais o conseguiria.
É evidente que o sofrimento não pode ser extinto, pois ele está e sente-se no interior de qualquer Ser, quando este sente na pele as adversidades que a vida lhe aplica.
É evidente que a memória não pode ser apagada, sob pena de nos apagarmos a nós próprios.
É evidente que a História não pode ser, como nos diz Carlyle, um acontecimento só de heróis.
Mas, também é evidente, que numa democracia, temos a Liberdade suficiente de discernir sobre assuntos que, facilmente, a ditadura tende a impor: ou estás comigo ou contra mim.
Como diria Francisco Salgado Zenha:
Não se defende a democracia ignorando os vícios que se hajam instalado no seu funcionamento, mas denunciando-os e contribuindo para a sua superação – sempre com a consciência de que a alternativa para a democracia não é a ditadura, mas a democracia melhor.
Por isso, e ainda nos diz o mesmo Salgado Zenha:
E não poderá haver uma democracia completa sem informação, o que equivale a vendar os olhos dos cidadãos, pedindo-lhes depois que votem.
É esta seriedade que só a democracia, conquistada por milhares de portugueses, não nos pode deixar indiferentes em relação ao passado.
O que ele foi e representou para Portugal.
A democracia tem os seus riscos, mas prevenindo-os, certamente prestamos um serviço ao país e não anulamos a validade de uma intervenção fundamental, corria o ano de 1974.
Mais do que um qualquer enredo, de bons e maus da fita, é o conhecimento que nos permite discernir melhor e optar, o que seja, em consciência.
Pode haver quem queira, como os autocratas, que os cidadãos não pensem, não conheçam, enfim, não saibam nada. Mas, em democracia, o sentido inverte-se, pois essa é a sua fonte de legitimidade e convicção: uma sociedade mais sapiente.
Por isso, quando se aborda o passado, não devem ser os sentimentos mais à flor da pele a analisar, mas o distanciamento necessário para compreender o que existia.
A memória colectiva por vezes parece ausentar-se e como podemos constatar, por essa Europa fora, a democracia também legitima, é uma das suas virtudes, por paradoxal que pareça, quem não defende o sistema democrático.
É uma democracia melhor, como diria Salgado Zenha, que devemos cumprir.
Esta é a nossa grande paixão: a Democracia, que representa a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
CMC
2:59:00 da tarde
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