terça-feira, abril 27, 2004
[00.370/2004]
Iberismos
Recebi no passado domingo, 25 de Abril, na minha caixa de correio virtual a seguinte missiva:
Também para Olivença, 25 de Abril!
Em 25 de Abril de 1974, há trinta anos, Portugal pôs fim a um regime autocrático e orientou-se para a democratização, a descolonização e o desenvolvimento.
O Estado português, participa plenamente na Comunidade Internacional, desenvolvendo relações solidárias com todos os povos e, nomeadamente, com os demais Estados da CPLP.
Transmitida a administração de Macau para a China e alcançada a independência de Timor-Lorosae, está encerrado um ciclo histórico: Portugal não coloniza nem tutela quaisquer territórios ou povos.
Agora, serena e firmemente, levemos por diante o resgate cultural e político de Olivença!
Denunciando os duzentos anos de domínio colonial espanhol, refaçamos e aprofundemos a ligação com Olivença e com os oliventinos!
Reencontremos Olivença!
A maioria dos portugueses esqueceu-se desta parcela do seu território, reconhecida internacionalmente desde o início do século XIX, em solo espanhol.
Há quem continue a defender a causa, ou seja, o regresso de Olivença à lusitana pátria, ainda que os ouvidos de mercador, da parte dos políticos nacionais, tenham sido mais eficazes. Naturalmente, longe de querer entrar em conflito diplomático com o vizinho espanhol, Portugal acomodou-se à situação. Esta é uma forma típica do português estar na vida. Somos assim. Isto não significa que tenhamos de continuar a ser, totalmente, assim!
Se olharmos para o nosso lado oriental, notamos como o irmão estimado/odiado castelhano, trata de, tudo por tudo, conquistar o pequeno território britânico de Gibraltar, mesmo sabendo que a maioria dos residentes prefere ser fiel à coroa, não de Madrid, mas de Londres. Quando, da mesma forma, os mesmos castelhanos não abrem mão dos territórios situados no norte de África.
Para quem, como eu, que tem um tendência Ibérica, não deixa de ser um duro revés assistir à postura do português face ao castelhano.
Depois da proposta realizada na semana passada, pelo líder carismático Fraga Iribarne, de uma junção do norte de Portugal com a Galiza, talvez fosse o seu último e mais marcante acto como político, agora que a sua carreira está a entrar na recta final, continuamos a assistir, há séculos, a um poderio, na Península (termo mais caro aos portugueses, em vez de Ibéria), dos castelhanos.
Os castelhanos podem, e têm com certeza, muitos defeitos, mas têm uma qualidade, para nós defeito, acabando por representar a sua sobrevivência, que é a da sua determinação, quase, senão mesmo, obstinada.
Dos diversos povos peninsulares, eles (castelhanos) foram e continuam a ser neste lado ocidental da Europa, como diria a música de Zeca Afonso, cantada no passado fim-de-semana em Madrid (a propósito da questão iraquiana), quem mais ordena.
CMC
1:32:00 da manhã
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