quinta-feira, maio 27, 2004
[0.539/2004] Bolas
Pelos vistos, nos próximos dias, até o Euro bater, definitivamente, à porta das nossas televisões, os nossos corações só terão, pelo menos falarão, como diria um célebre jogador, a uma só cor: azul e branco. O F.C.P. está de parabéns. Desde os quadros dirigentes aos jogadores, mas, aprecie-se ou não, considere-se arrogante, pois por vezes o é e chega a meter dó, as grandes vitórias nos últimos dois anos da equipa dos dragões têm um único responsável: José Mourinho. De uma equipa constituída com jogadores de equipas B dos grandes clubes nacionais e de outros jogadores de clubes de menor dimensão, o treinador transformou o plantel de meros tostões, no enquadramento internacional, em milhões. Hoje, o F.C.P. deve a sua glória àquele que é detestado, pelos adversários, mas que mais não significa a ambição de o ter a orientar as suas equipas. Portugal é um país pequeno, em cifrões, para os bolsos de Mourinho, por isso vai para solo de Sua Majestade, servir o magnata, que vindo do frio, só não atingiu a glória nos relvados, a tal glória que já almejou no ouro negro das terras eslavas. O mundo do futebol não se faz por amor à camisola, mas por enchimento de carteiras. Mourinho não foge a este mercado, pródigo em fazer heróis e bestas, note-se o caso de Queirós. Há poucos meses junto do zénite, actualmente na parte mais recôndita da cova. Nos próximos anos o futebol português, pelo menos os seus clubes, não alcançará os êxitos que o F.C.P. teve nos dois últimos anos. São ciclos. Depois do de 1987, o iniciado o ano passado, pelo mesmo F.C.P., terminou ontem e sabe-nos, a nós portugueses, muito bem, nem que seja pelo simples facto de mais equipas portuguesas irem às competições europeias. O Fado pode ser pouco ouvido e Fátima pouco rezada, mas o Futebol continua a ser a droga colectiva nacional. Por vezes dá-nos alegria, como agora, mas quase sempre, só nos enoja e aborrece. É tempo de dar não só chutos na bola, mas um forte e determinado pontapé nesta mesquinhez em que o futebol português se encontra mergulhado há décadas, em que as lamúrias são mais oxigénio do que os triunfos e onde as intrigas valem mais do que o jogo. Não é por se ser, durante um dia, gigante, que continuaremos a ser. CMC P.S.- Pois... falta frisar que o Mourinho aprendeu junto do Sado que o esférico era redondo.
2:27:00 da manhã
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (0)
|
|