terça-feira, maio 25, 2004
[00.534/2004]
O Camarada que não ganhou [ I ]
O livro é lançado amanhã, mas praticamente já o li todo.
A personalidade continua a ser um poço de mistério e se as entrevistas são arrebatadoras pela forma como o líder histórico e carismático dos comunistas portugueses responde, o seu -longo- prefácio peca, a meu ver, por deformes da autora.
Maria João Avillez parte mais da paixão que nutre por Mário Soares e Francisco Sá Carneiro, de quem já fez o mesmo trabalho, no caso de Soares bastante profundo, para chegar a Álvaro Cunhal.
Ora, por princípio lógico, baseado na cronologia e, logo, na resistência à ditadura do Estado Novo, é que se pode partir de Cunhal e chegar, primeiro, a Soares, depois a Sá Carneiro. A jornalistas inverte o sentido.
Vi há poucos minutos a entrevista dada por Maria João Avillez a Mário Crespo, na SIC Notícias, na qual a jornalista reforçou a ideia que percorre todo o prefácio da obra: Cunhal perdeu, Soares e Sá Carneiro ganharam.
Sinceramente, compreendo o sentido dado por Maria João Avillez, mas afirmaria: Cunhal não ganhou.
Há vidas, como a de Cunhal, únicas no mundo. A peculiaridade da sua personalidade, dos obstáculos da sua vida, do que representou e ainda significa, amores e ódios, não nos podem levar a afirmar de forma tão leviana a derrota de um dos maiores símbolos da resistência portuguesa.
A vida do PCP confunde-se com a de Cunhal. O partido foi Cunhal e Cunhal foi o partido.
Trinta anos depois, muito há por esclarecer, por saber, por conhecer.
Mas, Cunhal não perdeu, provavelmente (e talvez felizmente) para muitos, não venceu.
Fica a obra, que é merecedora de leitura atenta.
CMC
9:47:00 da tarde
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