segunda-feira, junho 28, 2004
[00.708/2004]
Interesses nacionais e comprometimentos
Quando elegemos os nossos representantes para os cargos, estamos a delegar poderes para que, em nosso nome, alguém exerça as competências que a Lei lhe atribui.
Quando contribui para a eleição de Jorge Sampaio, fi-lo conscientemente, manifestei-lhe a minha confiança e agora aguardo serenamente o exercício desse poder delegado.
Não me parece curial que se aceitem as regras da democracia representativa, para que, em tempos de crise, se avoquem os poderes delegados. Por isso não me associei a qualquer manifestação para pressionar o Presidente da República. Sei que ele interpreta com clareza o sentimento dos portugueses e que, pelo melhor, resolverá a instabilidade criada pela sobreposição dos interesses pessoais do ainda Primeiro-Ministro aos da coisa pública e do comprometimento que assumiu com os portugueses há dois anos.
Apercebo-me também que a fuga à responsabilidade assumida por Durão Barroso, depois de ter destruído sistematicamente o aparelho do estado sem nada ter construído em alternativa, é o verdadeiro motor da crise gerada no meio de uma coligação de interesses que de político nada tem e, por isso, se revela sem sustentabilidade.
No PSD trava-se a batalha pelo controlo dos interesses que colocarão à frente da Nação os negócios privados assegurando a influência de apoio a outros voos pessoais mais altos.
Aventam-se soluções que chocam a Nação. Propõe-se um homem que representa uma minoria dos portugueses para decidir, no exterior, os destinos de Portugal. Um homem e um Partido que se submeteu ao escrutínio popular com um programa de relações externas diferente (e por vezes contrário) ao do Partido mais votado. Um homem e um Partido que nem sequer conseguem reconhecer a crítica que os cidadãos lhe expressaram nas últimas eleições, atribuindo a derrota única e exclusivamente ao Partido maior da coligação.
Sampaio saberá certamente equacionar todas estas questões. Aguardemos que o ainda Primeiro-Ministro explique aos portugueses as suas razões e informe das suas intenções.
Preocupados, porque de novo envolvidos no pântano em que os discursos da tanga e os movimentos anteriores que levaram o ainda Primeiro-ministro a denunciar junto de Bruxelas défices que depois não controlou, porque só mascarou (e em maior), representam mais dois passos atrás. Preocupado, mas confiante, pois sei que o garante da Constituição e da democracia ouvirá quem tem de ouvir e decidirá o que de menos-mal represente para o País.
A lição que ressai de tudo isto é clara. A política faz-se com homens sérios. Eleger gente só com base na boa imagem que campanhas de marketing promovem, terá de resultar em graves retrocessos para o País. Só serve para promover carreiras pessoais à custa do nosso sacrifício.
LNT
1:13:00 da tarde
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