segunda-feira, agosto 16, 2004
[00.927/2004]
Ainda a Venezuela
Os textos publicados sobre o referendo venezuelano têm levantado, nos comentários, alguma contenda.
Se, de forma fácil, se pode vislumbrar a simpatia ou o distanciamento da personagem que lidera o país, subjaz a esta visão uma defesa ou ataque à política do Presidente e, também, à postura (de preocupação) que os E.U.A. têm para com o Estado sul-americano.
Não tenhamos dúvidas, que há uma ajuda do poder central aos mais carenciados, nomeadamente a nível de educação e saúde, fruto do intercâmbio estabelecido entre a Venezuela e Cuba. Toma lá ouro negro, empresta-me matéria humana de qualidade para determinados e importantes sectores da sociedade.
Mas, não invalidando este aspecto, que é importante, há outro facto que não pode ser obnubilado: o senhor que continua a presidir os destinos da Venezuela é um populista. E, acrescente-se, se este senhor não é da melhor estirpe, quem se encontra na oposição, e anteriormente fazia parte do rotativismo estagnado do poder político venezuelano, antes do militar conquistar o poder pela via eleitoral, não fica em nada atrás da demagogia do Presidente. Ou seja, nem um é o indicado, mas mantém-se no poder, nem a grande parte da oposição, anteriormente governante do país, serve o futuro do país.
Por conseguinte, a Venezuela encontra-se entre a espada e a parede. Para qualquer lado que se vire, o melhor nem passa pelo menos mau. Ao ponto que se chega!
Quanto à possível repetição de 1973, mudando o palco, em vez de Santiago do Chile a acção poder desenrolar-se em Caracas, não consigo, neste momento, vislumbrar qualquer golpe panachista na Venezuela.
Primeiro, os E.U.A. estão a poucos meses de eleições presidenciais e qualquer movimento, brusco ou mínimo, no exterior (e no interior) poderia ser mais um tiro nos pés desta Administração, que já tem os pés completamente enxaguados de lama do deserto árabe, fora o buraco do orçamento e o desemprego.
Segundo, e preponderante, esta Administração não tem ninguém chamado Kissinger, que, por todos os defeitos e virtudes que lhe possa ser (re)conhecido. Tem, quanto muito, uns falcões, de garras afiadas por que o cargo em que se encontram assim lhes lima as unhas, e sem qualquer rasgo de visão, que, como se sabe, a visão, é uma das principais características destas aves de rapina. Esta espécie política tem garras, mas não tem visão (nem a curto prazo, como se nota no Iraque, quanto mais a longo prazo).
CMC
6:46:00 da tarde
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