segunda-feira, agosto 30, 2004
[00.962/2004]
O barco e a frota desejada
Esta história (ou deverei escrever estória?) do barco é nauseabunda. O país pára por causa de uma embarcação. O Governo promove a visita, non grata, do barco e o centro das atenções vira-se para as 13 milhas ao largo da Figueira da Foz. (Já reparou na localidade escolhida para atracar? Se fosse há uns anos, não tinha a mínima dúvida de que o autarca da localidade iria a bordo cumprimentar as senhoras. Outros tempos!)
O tema, da IVG, serve sempre para aparecerem os pró e contra num ar muito angelical, vitimando-se uns e defendendo-se outros, de que a moral nacional está à beira do caos. Apregoam os dois lados. Só falta expressar, como o jogador da bola, à beira do caos dá-se o passo em frente.
Se o problema da Interrupção Voluntária da Gravidez continua a afectar as famílias portuguesas, e as mulheres em particular, outros problemas tão ou mais importantes existem no nosso país mas, pelos vistos, pouco interessam.
É caso para desejar um barco do desenvolvimento: educacional, cultural, económico. Este deveria ter as dimensões de um porta-aviões. Outro barco que poderia atracar em Portugal era o do emprego, isto porque, são quase meio milhão de portugueses que se encontram desempregados.
Se esta frota se deslocasse a Portugal, aí sim, era digno deste alvoroço.
Todavia, nem esta frota existe, nem o alarido, caso houvessem as embarcações com os fins acima anunciados, existiria, pois o executivo pouco se preocuparia que estes atracassem nos portos nacionais e ninguém, provavelmente, lhes ligaria.
Tudo passaria ao lado e os problemas continuariam (continuam) a permanecer sem sinais de melhoras.
Em Portugal discute-se o acessório, não o principal. Por isso, o tema da IVG alimenta alguns rostos, dos dois lados, que, desde o referendo de 1998, assumem, com unhas ferradas, uma luta há muito tempo empoçada.
A IVG não vê uma luz ao fundo do túnel, assim como não há luzes para políticas de família, de natalidade, de adopção.
CMC
5:49:00 da tarde
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