segunda-feira, agosto 30, 2004
[00.964/2004]
Reentrés, para que te queremos?
Antigamente, a cidade de Faro vivia, nos últimos dias de Agosto, uma disputa política acesa. Pontinha e Pontal eram os locais que juntavam os grandes partidos políticos portugueses.
Aos poucos, a tradição começou a desvanecer-se. Mudaram-se os locais. O Algarve já não era local obrigatório.
Mais a norte ou a centro, as reentrés continuavam a ser o momento que cada partido escolhia para assinalar o arranque da nova época política.
Este ano, fruto da conjuntura, as reentrés foram atiradas às ortigas.
Agora, não se fazem reentres. Realizam-se congressos.
Afinal, em Agosto, sempre se pode estar mais uns dias de férias. Para nada dizer, em silly season, quando a atenção das pessoas é quase nula, é preferível uma altura do ano em que o reparo das pessoas possa ser maior, mesmo quando nada há para dizer.
Sempre é um fim-de-semana, noutra altura do ano, alvo de debate e comentário e o sexo dos anjos continua a ser debate bastante fértil neste solo lusitano.
Porém, há aspectos, distantes da atenção do público em geral que contam, em qualquer congresso. Os lugares internos. A dança de cadeiras. O sai um para entrar um da confiança. O ajuste de contas de outros congressos.
Actualmente, para que se realizam a maioria dos congressos? Nada se debate. Tudo se resume, na prática, à luta por um lugarzito num órgão nacional.
Felizmente, há sempre alguém que anima os congressos. Basta recordar o abraço do calceteiro que queria ser deputado, só por ter aparecido na televisão, ou o astrólogo e comentador desportivo, que lia nas estrelas. Mas, estes senhores pertenciam a outro século e, por acaso, milénio.
Haverá, por acaso, algum abrupto na actualidade que possa vir a animar, com cabeça-tronco-e-membros, os conclaves? A bem da qualidade política, desejo que sim.
A política portuguesa não pode continuar enfadonha, do vira o disco e toca o mesmo. Precisa de ser mais Alegre, com mais conteúdo e (muito) menos embrulho.
CMC
11:34:00 da tarde
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