domingo, agosto 29, 2004
[00.953/2004]
O romantismo e o realismo
O contemporâneo e o moderno
Palavras alinhadas, moções em cima da mesa, regresso de férias com vontade acrescida de participação, está montado o cenário para a disputa.
Alegre quer mais Igualdade, melhor democracia. Soares quer mais PS. Sócrates quer uma esquerda moderna para os desafios do nosso tempo.
Da leitura enviesada das propostas nada de profundamente discordante se consegue retirar. Há que estudar com mais profundidade, para depois fundamentar o diferente.
Vicente Jorge Silva cita razões que mesmo sem essa leitura já possibilitam alguma escolha. Embora concorde com a ideia geral do que leva a optar não concordo com a sua visão entre o realismo e o romantismo. Não se é romântico por se lutar por aquilo em que se acredita, nem se é realista por se lutar pelo poder concentrado. O debate descentrado do que interessa, como se o que estivesse em causa fosse o candidato a Primeiro-Ministro, serve interesses pouco realistas, mais ainda quando existe a recusa de se dizer claramente como se atingirá esse poder caso não seja obtida a maioria absoluta por todos desejada nas próximas legislativas. É estranho que se chame romântico ao desejo de ver a discussão centrada em premissas conhecidas e se entenda como realista o esconder de acção futura que uma vez mais poderá levar a esquerda a assumir compromissos à direita ou pendurados num qualquer acordo limiano sem a garantia de que o PS assuma de vez, sem complexos, que é um Partido da esquerda democrática.
Catalogar-se de romântica a posição de centrar o debate na política, de a levar para o seu próprio espaço (a Assembleia da República) em contrapartida ao rótulo de realismo com a sua subversão aos executivos e aos poderes económicos que os condicionam, continua a ser a forma desvitalizadora e o contributo para o descrédito da instituição parlamentar em que a democracia portuguesa se tem concentrado sistematicamente.
Confundir romantismo com transparência, confundir realismo com jogos de poder a serem decididos posteriormente por iluminados, à revelia do eleitores, é a falácia que conduz a situações de não retorno nas regras da democracia que cada vez menos mobiliza os cidadãos. Não venham depois as lágrimas de crocodilo quando o número de abstencionistas aumentar ou as emulações na praça pública quando se chamarem os Partidos e não os dirigentes partidários a formar governo.
LNT
1:29:00 da manhã
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