terça-feira, setembro 21, 2004

[1.062/2004]
Governar é decidir
Um dos problemas da democracia em Portugal prende-se com a ideia que qualquer um pode ser titular de uma qualquer pasta num qualquer Governo. E isto acontece porque as pessoas que vão para o Governo entendem que vão para lá fazer (e há muita gente que entende que sabe fazer tudo) e não para decidir.
A Administração Pública está cheia de gente competente e conhecedora que não precisa de ser emparteleirada cada vez que algum "pseudo-guru inexperiente" assume o poder e entende que pode prescindir dessas competências e experiências. Gente que é lançada ao abandono, emparedada e substituída por inexperientes e ignorantes no terreno, convencidos que são os salvadores do mundo.
O que se passa com a lista dos professores e o que prevejo se venha a passar noutros sectores estratégicos do Estado a curto e médio prazo, decorre exactamente do que atrás se disse. O Governo em vez de governar (decidir) imiscuiu-se na Administração, substitui politicamente os técnicos experientes por estrategas do negócio, que não conhecem as realidades e os volumes de máquinas de complexidade e nem sequer se dão conta de que estão a mexer na vida de milhões de pessoas.
Muitas vezes esses "estrategas" mais não fizeram do que montar uma qualquer chafarica.
Não entendem que cem utilizadores não é igual a dez milhões, não entendem que um regulamento de uma empresa privada não é a mesma coisa que uma Lei. Não entendem que a segurança de uma empresa privada não é a mesma coisa que a de um sector estratégico de um Estado.
E os Governantes em vez de governarem, optar e decidir, substituem-se. O resultado só pode ser o triste espectáculo de ver uma Ministra dirigir-se a uma Nação para dizer: - "quando o programa dá a volta". É esta a propalada competência da direita. É este o resultado de pensar que um governo se pode constituir como se fosse uma mesa de Bridge.
Era tão fácil, Senhora Ministra. Só tinha que cumprir a sua obrigação de decidir.
Quando tomou posse devia ter-se informado do ponto da situação do Sistema que ia implementar em substituição de um outro que lhe assegurava minimamente o funcionamento. Em caso de dúvidas (e tinha de as haver, porque os testes tinham de estar concluídos num prazo de garantia que permitisse passar à produção na data planeada) tinha de decidir, isto é, tinha de abandonar a opção do "depois logo se vê".
Entre educadores, educandos e encarregados de educação há milhões de cidadãos prejudicados. É o caos inadmissível. As instituições não estão a funcionar regularmente.
LNT
1:34:00 da tarde
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