terça-feira, setembro 28, 2004
[1.091/2004]
Blair, o Iraque, o refém e a retirada das tropas
Os tempos têm sido difíceis para Tony Blair. Mais pela questão iraquiana do que pelos assuntos internos.
Se as políticas internas, no Reino Unido, têm tido, até agora, desde que o Labour assumiu o poder, sucesso, a intervenção de ontem de Gordon Brown isso o evidencia, a política externa britânica, de Blair, é alvo de muitas críticas, dentro e fora das terras de Sua Majestade.
Juntou-se ao aliado norte-americano na guerra que estes quiseram travar na Mesopotâmia, para ajustar contas com o passado. Mas, estamos a tratar de realpolitik e, qualquer Primeiro-Ministro britânico, fosse ele trabalhista ou conservador, faria o que Blair fez. Com uma diferença. (Já escrevi isto há meses). O líder conservador nem se preocuparia em dialogar com os parceiros europeus, acto que Blair, e muito bem, fez. Porém, face à intransigência de gauleses, também agarrados à sua política tradicional, de não alinhamento com britânicos e norte-americanos, fizeram finca-pé e Londres via-se, cada vez mais, pressionada por Washington, que queria, e conseguiu, a todo o custo, atacar o Iraque.
As declarações de Blair, de hoje, devem ser realçadas. Finalmente, se bem que já tivesse dado alguns sinais nessa direcção, o Primeiro-Ministro britânico assumiu o erro: não existiam armas de destruição maciça no Iraque. Mais vale tarde do que nunca.
Podem agora os anti-guerra, que me atrevo a questionar se muitos deles não são anti-E.U.A., dizer: são balelas. Pois bem. Interprete-se da forma que se quiser, mas Blair assumiu o erro. Pediu desculpa. Só não pediu absolvição pela queda do tirano de Bagdad.
Todavia, há quem acuse Blair de ter as mãos de sangue e em breve as suas poderem ficar ainda mais manchadas, por causa da possível execução do prisioneiro britânico. Ora bem, nenhum país, nem nenhum líder pode ceder a este tipo de chantagem, por muito que custe a todos os cidadãos que se revoltam com estas detenções, especialmente os familiares das vítimas, que sentem na pele a dor do momento. Caso um Estado resolvesse negociar com os bandos de terroristas e ceder às suas intenções, estaríamos, certamente, à beira de um novo terrorismo em cada esquina deste mundo. Sim, porque não seria só no Iraque. Aliás, ontem constatou-se isso mesmo em Gaza.
Por conseguinte, há erros que foram e têm de ser assumidos, como Blair assumiu hoje. Mas também é preciso ter os pés bem assentes na terra e perceber que, neste momento, retirar tropas da Coligação do solo iraquiano, seria um convite, ainda mais deliberado, ao terrorismo que não roga para atingir os seus fins.
CMC
9:17:00 da tarde
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