segunda-feira, novembro 22, 2004
[1.379/2004]
O estranho caso de Monsieur Barrot
Depois da saga do signori Rocco, desta feita a Comissão presidida por José Manuel Barroso conhece nova aventura, o caso Barrot.
Segundo consta, o Comissário francês foi condenado, há uns anos atrás, a uma pena de prisão por indevido financiamento partidário. Monsieur Barrot só não cumpriu a pena por que Monsieur Jacques amnistiou vários casos, precisamente no ano em que Monsieur Barrot iria conhecer a frieza das grades. Esta história só foi conhecida depois da tomada de posse da Comissão. Estranho, depois do caso dos Comissários indicados pela Itália e Letónia.
Primeiro: sendo o Monsieur Barrot de um país com a dimensão e peso que tem a França, não é estranho que ninguém desse admirável país contestasse a nomeação de Monsieur Barrot, conhecidas as suas menos dignas actividades políticas? Contestação, que me recorde, até houve. Monsieur Jacques foi alvo de criticas pelo facto do Comissário francês tutelar uma pasta (Transportes) com pouco peso, para um Comissário francês quando comparado com as áreas de outros Comissários provenientes dos grandes países da UE como são os casos: britânico (Comércio), alemão (Empresa e Indústria), italiano (Justiça, Liberdade e Segurança) e espanhol (Assuntos Económicos e Monetários). Enfim, a vice-Presidência disfarçou o mal-estar de sectores que contestaram a pasta que Monsieur Barrot vai (ou iria?) tutelar.
Segundo: tendo a França um dos maiores grupos de eurodeputados (78 eurodeputados), dos oito grupos (incluindo os Não Inscritos) com acento parlamentar. A França só não tem representação no grupo da União da Europa para as Nações. Nenhum dos deputados franceses, exceptuando, obviamente, os parlamentares do PPE (partido onde tem lugar o partido francês afecto a Monsieur Jacques) levantou objecções ao Comissário durante as audições. Mera cortesia nacional? Não creio. Mesmo não tendo sido questionado por um eurodeputado francês tal informação, do antepassado de Monsieur Barrot, podia ser transmitida a outro deputado do grupo parlamentar, de outra nacionalidade, que confrontaria Monsieur Barrot com a situação em que esteve envolvido há uns anos. Estranha situação, não haja dúvidas. Ainda me recordo, há cinco anos, o Comissário português, António Vitorino, foi questionado na sua audição por um eurodeputado britânico sobre o célebre episódio da sisa.
Terceiro: tendo a França umas das imprensas mais plurais do mundo, por que não levantou nenhum órgão de comunicação social, principalmente os de esquerda, o passado pouco lícito de Monsieur Barrot?
Toda esta história, nesta altura do campeonato, está muito mal contada. Sobretudo após a questão Rocco e a Comissária da Letónia, que foi afastada precisamente pelos mesmo motivos que agora Monsieur Barrot é confrontado, financiamento ilegal do seu partido político letão.
José Manuel Barroso tem tido uma vida difícil desde que chegou a Bruxelas e o mais curioso de tudo é que ele não tem a mínima culpa dos confrontos, legítimos, de diversos parlamentares europeus, sobre a equipa que ele, a partir de hoje coordena, mas não escolheu.
CMC
11:20:00 da tarde
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