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      | terça-feira, novembro 23, 2004 
 
  [1.383/2004] Um país dividido
 
 Depois de se conhecerem os resultados eleitorais das últimas presidenciais norte-americanas, foram muitos os que, não querendo ver os números reais de votantes, afirmaram que a terra do Tio Sam estava dividida. Existindo uma nítida divisão, ou melhor, adoptando uma terminologia de um teórico escandinavo, a clivagem nos E.U.A. era notória entre o urbano e o rural.
 Agora sim, temos de facto a divisão de um país - a Ucrânia, em relação à enganosa divisão dos E.U.A., muito por causa do sistema eleitoral norte-americano. Na Ucrânia, a clivagem é de outra ordem, por um lado pró-ocidente e, por outro, pró-Rússia.
 Os resultados oficiais dão a vitória ao candidato preferido de Moscovo, por uma escassa margem, cerca de 800 mil votos, em trinta milhões de votantes.
 Os apoiantes e o candidato pró-ocidente consideram que houve fraude eleitoral e, até agora, só a delegação de membros da CEI (Comunidade de Estados Independentes - países da ex-URSS) considera o resultado válido, assim como Moscovo, que foi a única capital, por enquanto, a saudar o candidato vitorioso.
 Milhares de ucranianos saíram para rua protestar e volta a ecoar, desta feita em Kiev, as ondas da "revolução de veludo" (esperemos, que a acontecer, seja mesmo à imagem da Checoslováquia, com uma mudança sem derramamento de sangue), que já se manifestaram, e com sucesso, na Jugoslávia, com a queda de Milosevic, e na Geórgia, com a queda de Chevarnadze.
 Todavia, da personagem que ainda hoje ocupa o cargo de Presidente da República, o tavarich Kuchma, não é de admirar que tal personalidade ordene às forças policiais e militares para limparem o que consideram uns extremistas, milhares, que estão na rua a protestar contra a fraude eleitoral.
 Pudor e força não faltam ao actual Presidente ucraniano. Se o conflito se agudizar, bem podemos estar perante uma guerra civil de consequências imprevisíveis e onde as gotas de sangue se podem transformar em mares vermelhos.
 É fundamental agir com prudência, não podendo a comunidade internacional hostilizar Moscovo que, goste-se ou não, tem um papel crucial no desfecho desta contenda.
 Veremos quem triunfará, neste período politicamente quente a leste, onde o frio já se abate sobre as populações.
 CMC
        
        
         9:09:00 da tarde
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