quarta-feira, novembro 24, 2004
[1.385/2004]
The Question (to be or not to be)
Tanto tempo se perde na discussão do sexo dos anjos para justificar a masturbatória consulta e o vexame da futura imensa abstenção no referendo inútil que aí vem.
A questão da pergunta, ou Trigunta como diz Paulo Gorjão (que já vai em 12 Posts sobre o assunto), é tão falsa como a do argumento que se quis impor para conseguir mais uma Revisão desnecessária da Constituição.
O referendo sobre esta matéria, que custa uma fortuna aos cofres do Estado, é um esbanjamento incrível para não obter coisa alguma. Teria sido mais útil debater sobre a necessidade de a promover em tempo útil pois, o facto de a pergunta estar mal concebida ou ser ridiculamente complicada nada implicará no absoluto desinteresse que esta ou outra formulação sobre o mesmo assunto, revelará no seu escrutínio.
Ninguém, tirando os do costume, está interessado em opinar, pelo simples facto de o fazer. Muito menos os desempregados que todos os dias aumentam em número, os estudantes que continuam com professores por colocar, os professores que continuam a aguardar colocação, as castas superiores que continuam a fazer evasão fiscal nas barbas dos fiscais, os doentes que continuam por operar, a classe média que continua a endividar-se e que começa a não poder liquidar as prestações bancárias dos empréstimos para a habitação, os pescadores que não podem sair para o mar, os prevaricadores dos calotes imensos que todos os dias são dados aos consumidores, os poluidores dos recursos fundamentais ou os patos bravos que desfeiam tudo em que tocam.
Discute-se a inutilidade absoluta para se saber se aquilo que nos é imposto é, ou não, do nosso agrado, quando ninguém esteve interessado em saber se queríamos, ou não, pertencer a esta Comunidade.
Seja qual for a formulação de questão, seja ela constitucional, ou não, seja complicada ou simples, a abstenção será reveladora da razão de quem tem problemas básicos por resolver.
Escusam de arranjar pretextos. Os cidadãos irão explicar, uma vez mais, que a questão referendária em Portugal não tem tradição e que abdicam dela. Já o fizeram na Regionalização, na IVG e agora repetirão nesta absurda consulta.
Se não sabem o que fazer ao dinheiro, arranjem gente com criatividade suficiente para desenvolver projectos de futuro, ou baixem os impostos a quem trabalha. As eleições para os Órgãos de Soberania são suficientes para garantir a democracia. Se querem mais participação cívica dos cidadãos apoiem e desenvolvam os movimentos cívicos.
Não esbanjem o dinheiro que lhes entregamos para governar este País em futilidades absurdas, depois de já terem decidido tudo. Serão necessários tantos gastos e tanto incómodo para ficarem com a consciência tranquila?
LNT
1:06:00 da tarde
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