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      | sexta-feira, novembro 26, 2004 
 [1.396/2004]
   Braço-de-ferro ucraniano
 
 A comunidade internacional há muito tempo que tinha os olhos postos nas eleições presidenciais ucranianas e penso que nunca acreditou na possibilidade de vitória do candidato pró-ocidente.
 Agora, que os ocidentais perceberam que a Ucrânia pode estar a um passo de saltar da esfera de influência da Rússia, a UE mobilizou-se para não perder esta ínfima oportunidade de se aproximar do maior gigante da ex-URSS, com a excepção da Rússia. Todavia, a diplomacia UE continua a fazer figura de cerimónia. O senhor PESC (que pouco pescou até hoje) anda de um lado para o outro, apresentando mais resultados nas fotografias do que no concreto.
 Não deixa, por outro lado, de ser curioso, que o Estado que se prepara para mediar a disputa eleitoral ucraniana é a historicamente hiper-fustigada Polónia, que sempre se encontrou na encruzilhada dos impérios germânico e russo, ora sendo conquistada por um, ora derrubada por outro.
 A Polónia afirma-se como uma grande potência no contexto europeu e mundial, fruto da sua posição geoestratégica e do seu maior aliado, os E.U.A.
 A presença do Presidente Kwasniewsky na mediação do conflito é determinante, sobretudo por que a Polónia está estreitamente ligada à parte ocidental ucraniana, maioritariamente pró-ocidente. A presença do antigo Presidente, e ícone da transição do comunismo para a democracia, Lech Valesa, parece-me mais despropositada, isto porque, se quer ser mediador, por mais que o seu coração palpite para os pró-ocidentais, o antigo chefe do sindicato Solidariedade, não devia ter aparecido em comícios ao lado de um dos candidatos. A sua posição está fragilizada nesta mediação.
 Mas, o braço-de-ferro mais interessante de seguir é o que se trava nos bastidores entre a Rússia e os E.U.A. E, aqui, a Administração norte-americana não poderia ter melhor personalidade para disputar com os russos esta peleja diplomática que a senhora Condi.
 Conhecedora profunda do que foi o império soviético e da realidade dos Estados da ex-URSS, os E.U.A. têm alguém mais do que habilitado para poder bater os russos. Só que há um grande problema, a Ucrânia está pegada à Rússia e quem joga em casa são os russos, não os norte-americanos.
 Veremos como se desenvolverão os acontecimentos, neste respigar de clima de guerra-fria, onde o mais interessante, neste contexto, é que nunca um Presidente russo e norte-americano estiveram politicamente tão próximos, como estão os actuais.
 Importa, posteriormente à solução das presidenciais ucranianas, observar os efeitos secundários da contenda ucraniana nos países vizinhos e observar, com particular atenção, o rumo político da Moldávia. Estado dividido entre ocidentais, pró-romenos (a Roménia entra na UE em 2007, pormenor relevante), e pró-russos, via Ucrânia.
 CMC
        
        
         5:48:00 da tarde
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