sexta-feira, novembro 26, 2004
[1.393/2004]
As permanentes escorregadelas em que Lisboa anda há três anos
A bela cidade de Lisboa recebeu esta semana duas notícias. Qual delas a mais cativante?
Primeiro, o edil anunciou a colocação da Feira Popular no Jardim do Tabaco. Depois, o Supremo Tribunal Administrativo deu luz verde à autarquia para retomar os trabalhos do famigerado túnel.
Quanto à deslocação da Feira, é caso para dizer: ver para querer. Todavia, será a zona do Jardim do Tabaco a que reúne melhores condições para acolher aquele espaço de diversões? Não creio que a zona seja a melhor.
O número um da autarquia disse que em Junho de 2005 a Feira Popular abrirá as portas. Bem, também o Parque Mayer abria as portas, com um espaço renovado, oito meses após a tomada de posse do vencedor das autárquicas de 2001. Ou seja, em Agosto de 2002. Até hoje, 26 de Novembro de 2004, o Parque Mayer continua como está. Verbas afectas ao projecto do Parque Mayer já saíram, de facto, dos cofres da autarquia, mais de um milhão de contos. Mas só para pagar ao reputado arquitecto canadiano.
Dou uma sugestão aos responsáveis municipais: já que se pensou colocar o casino, agora a Feira Popular, por que não transferir o Parque Mayer para o Jardim do Tabaco? Ao fim e ao cabo, sempre que se procura uma zona em Lisboa para instalar qualquer coisa, o Jardim do Tabaco é o local continuamente anunciado para acolher um novo espaço.
Quanto ao túnel, respeito a decisão do Tribunal, mas não deixo de continuar a considerar o atentado que se está a perpetrar na cidade. Num momento em que o apelo, em qualquer metrópole europeia, é feito no sentido de não atrair mais carros para o centro da cidade, a passagem subterrânea vem, precisamente, apelar o contrário. A congruência do actual governo alfacinha é lamentável.
Depois, não se pode esquecer, naturalmente, as questões de impacto ambiental - parece que pouco importam; o acentuado desnivelamento do túnel, 9% em certas zonas, quando o máximo recomendado a nível europeu é de 3% e que este desnivelamento terá de ser cumprido a partir de 2009, por imposição comunitária; os poucos centímetros que distam do túnel em construção do túnel do metropolitano; e, a relação, ou não, ainda está por apurar, do encerramento do túnel do Rossio com as obras que entretanto foram efectuadas no desventurado túnel que desemboca na rotunda do Marquês.
Lisboa livrou-se do impulsor do mar de cartazes que prometia mundos e fundos. Infelizmente, o país está a pagar essa factura, da capital já não ter as promessas afixadas nos painéis publicitários que nunca foram cumpridas. A capital precisa de mudar de desígnios. Basta destes anos de tanta escorregadela.
CMC
1:07:00 da manhã
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