segunda-feira, dezembro 27, 2004
[1.522/2004]
Barrete, só mesmo o frígio
Parece que alguns cidadãos portugueses, de um momento para o outro, despertaram para a existência de um Presidente da República. Que ainda por cima, talvez para seu desgosto, é eleito pelos portugueses.
Desgostosos com a tomada de posição do Presidente, de dissolver a Assembleia da República, algumas pessoas de direita, militantes acéfalos e sem outro objectivo que não seja o poder pelo poder a todo custo, juntam-se agora alguns monárquicos, que percepcionam nesta brecha o momento ideal para colocar em causa o regime republicano.
Ora, parece que certas pessoas só colocam em causa o regime nos momentos aparentemente tíbios. Mas, de facto, este não é, não foi, um momento de tibieza, concorde-se ou não com a decisão do Presidente da República. Pelo contrário.
Afinal, para quem pensava que o Presidente da República era uma Rainha de Inglaterra, sem sangue azul e ainda por cima escolhido pela plebe, pode constatar que o Presidente não é uma instituição de menos relevância no contexto do sistema político nacional. Bem como, importa sublinhar, o Presidente não deve aparecer sempre que lhe apetece, mas deve intervir somente nos momentos cruciais e aí tem o dever e direito de intervir.
Quem coloca em causa a República, neste momento, só por a mais alta personalidade do Estado tomar uma decisão, é quem pouco ou nada tem para apresentar de melhor.
E, muito sinceramente, com o maior respeito pelos bons monárquicos do nosso país (não me esqueço do passado da Nação), prefiro viver num regime em que os cidadãos sejam (ou melhor, devam ser, também não devo ser demasiado ingénuo) tratados como iguais.
Não queiram alguns enfiar alguns barretes. Neste caso, se quiserem enfiar algum, só mesmo o frígio.
CMC
6:01:00 da tarde
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