sábado, janeiro 08, 2005
[0.056/2005]
Campanha [ I ] - Os cartazes
Quem presta um pouco de atenção às equipas que se formam, no período das campanhas eleitorais, nota que a actual equipa de campanha do PPD, do brasileiro Paz, trabalha há pouco tempo em Portugal. Está cá há pouco mais de três anos e, por isso, é normal que possa elaborar alguns materiais de campanha, no caso cartazes, que não deixam de ser, mais ou menos, uma cópia que outros partidos, que não o PPD, utilizaram em campanhas anteriores.
Este (novo) cartaz do PPD acaba por ser uma adaptação mais contemporânea dos anteriores cartazes do PS.
Com um evidente toque do marketing político americano (traços e linhas agressivas ao mesmo tempo que são visualmente apelativas), as cores institucionais (verde e vermelho) transmitem e tentam vincar a marca de quem, nestas eleições, é candidato que parte do lugar de quem está no poder. Algo, que, o comum dos cidadãos, nunca assinalaria ao líder do PPD. Aliás, os munícipes de Lisboa ainda se recordam dos cartazes que o PPD colocou no concelho da capital, aquando das últimas autárquicas, tendo na altura, por candidato à Câmara o actual líder do PPD. Cartazes aguerridos e que pretendiam transmitir uma ideia de mudança na cidade.
Em suma, o cartaz do PPD com que seremos brindados na rua, neste período, não deixa de ser, em certa parte, uma cópia, com alguns traços diferentes, do cartaz que o PS adoptou em 1995 e 1999, com António Guterres. E, até mesmo, com a imagem que o PS adoptou em 2002, com Ferro Rodrigues. Se bem que, no caso da campanha de Ferro Rodrigues, as cores institucionais assumiam uma tonalidade ainda formais do que as do cartaz de António Guterres.
Alguém, dentro do PPD, podia dizer aos responsáveis do marketing brasileiro que o cartaz, agora produzido, já teve a sua reprodução noutros momentos recentes das campanhas eleitorais portuguesas, e, ainda por cima, foi precisamente o principal adversário eleitoral do PPD que o adoptou.
Não deixa de ser, ao mesmo tempo, curioso, o facto de este cartaz, querer transmitir uma ideia diametralmente oposta ao cartaz que se quis lançar e o Professor de Boliqueime vetou.
Se o primeiro cartaz, carregado de cor laranja, cor tradicionalmente enjoativa quando em grande quantidade, não transmitia essa mensagem visual, pois a cor era dada de forma a atrair a visão e não a expeli-la. Ao mesmo tempo que jogava, numa harmonia visual, com o preto e branco das personagens. Transmitindo, num plano secundário, a vitalidade das lideranças governativas, como que "ilumindas" pelo Sol, com o contraste dos tons laranja, imitando os raios solares.
Ora, o actual cartaz, não só dá uma volta de 180 graus, no sentido de querer transmitir uma imagem de pura pose institucional (verde e vermelho vincados), com as tais marcas aguerridas, bem como, em vez de enviar uma mensagem de união partidária para o exterior, pelo contrário, acaba por dar um recado para o interior do próprio partido com as palavras "contra ventos e marés". Ou seja, pretende-se fazer um ajuste de contas com o Professor de Boliqueime e com quem internamente apoiou a atitude do distinto algarvio. Quando, o que se deve pretender, neste momento, é transmitir uma mensagem, aos portugueses e não aos militantes do próprio partido, do que se quer para o país. Nada disto este novo cartaz visa.
O referido líder brasileiro da troika que elabora a campanha do PPD já participou na última campanha para as legisltivas e, então, foi possível constatar que a par da imagem intitucional que o líder de então do PPD queria dar ao eleitorado, adoptando as cores institucionais, não deixou, porém, de dar a sua mensagem de dinâmica e de mudança, com o emprego do laranja, cor que identifica o partido, no material de campanha, a par das cores da República.
Espera-se para ver quais os próximos cartazes e se não serão, precisamente, o contrário deste. A não ser que se adopte, nos cartazes, uma lógica hegeliana. Ver-se-á, lá mais para o final do mês, início do próximo, se há ou não inversão enviesada da mensagem.
Depois da confusão (ainda não encerrada) das listas, os cartazes.
Enfim, cada um adopta a postura que quer, mas até os cartazes não deixam de escapar ao desnorte que assola a actual liderança do PPD.
CMC
10:41:00 da manhã
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