segunda-feira, janeiro 31, 2005
[0.213/2005] Congresso Protocolar [ I de II ] Agentes da mudança versus Agentes da destruição
Ali para baixo [0.203/2005] deixei um escrito sobre aquilo a que chamei o Síndroma JPP. Ao fazê-lo nunca pensei ter polémica com alguém anónimo que desenvolveria, na caixa de comentários, uma tese de defesa da actuação do visado. Mais uma vez refiro que só escrevi aquele Post por Pacheco Pereira ter incluído no seu texto introspectivo uma referência ao Partido Socialista. De resto bem pouco interessam os problemas de consciência ou as dúvidas metódicas sobre a intenção de voto de JPP. No entanto a citada defesa feita a favor de JPP incidiu sobre as impossibilidades de participação do visado na discussão interna que o PSD realizou no último Congresso Nacional, a que o defensor anónimo entendeu chamar de Congresso Protocolar. Confesso não conhecer em profundidade os tipos de Congresso que se podem realizar no PSD, mas, à partida, estou convencido que embora ainda longe de se fazerem anteceder de directas para escolha do seu Presidente, como já se faz no PS em relação ao SG, continuam a ser os conclaves dos militantes do Partido com total soberania e que, por isso, nunca poderão ter como objecto o protocolo. É verdade que no PS já se fizeram, em alturas de poder e de total pacificação, Congressos Nacionais onde nada se discutiu. Ainda assim, sempre apareceu alguém para evitar as unanimidades. Foi assobiado? Foi, mas não deixou de subir à tribuna. Talvez por isso, ainda hoje seja respeitado. A pacificação no PPD/PSD não existia neste Congresso do PSL e no entanto o resultado foi Coreano. Salvou-se Marques Mendes. As quatro ou cinco vozes discordantes (seriam tantas?) que se ouviam cá fora e que não conseguiram (ou não quiseram) ser eleitas para Congresso, revelaram que nada valiam no interior do Partido. Diz-me, a páginas tantas, o anónimo reincidente que ninguém iria votar contra um Primeiro-Ministro. Se isso é verdade, revela que o dever patriótico se subalternizou ao do Partido. Os opositores dos media acobardaram-se da luta no meio dos militantes e esperaram que o Presidente da República acordasse do delírio que o tinha acometido quando nomeou aquela personagem para chefe do executivo. Sabiam que mais tarde ou mais cedo, haveria de os substituir no trabalho odioso e passavam-lhe assim as responsabilidades do acto, ainda que com isto provocassem a derrocada do partido a que pertencem. Toda esta gente que se acha acima dos militantes, que não trabalha no terreno, que não forma nas suas estruturas de base, que entende que não tem de pagar as quotas, que pensa que pode influenciar dentro destruindo por fora e não tem coragem para enfrentar os congressistas dos seus partidos preferindo esconder-se atrás das câmaras de televisão para lhes mandar recados, alguma vez perceberá que a democracia não tem senhores e lacaios? Bem pode o meu caro interlocutor anónimo dizer que o trabalho se fez no Parlamento Europeu, na Assembleia da República, nos cargos onde estes militantes estavam investidos. Acabem-se com as inerências aos Congressos Nacionais dos Partidos e veja-se como a qualidade e a representatividade dos políticos se altera. Os Partidos são organizações dos militantes. Terão de ser eles a definir as suas políticas e é dentro deles que se luta pelas lideranças. É mais fácil, mais mediático, fazê-lo nos jornais e na altura própria dizer que por motivos internos não se pode concorrer e votar. É fácil, mas é mentira. Desde que qualquer militante tenha a suas quotas em dia pode eleger e ser eleito. As cacicagens e manobras de bastidores têm sempre forma de se combater. É dever dos militantes combatê-las. São posturas destas que levam os cidadãos a absterem-se. A lógica é a mesma. Para quê votar se são todos iguais? Abstraindo desta afirmação, porque não são todos iguais, ainda que o fossem, seria sempre por culpa dos próprios cidadãos que, ao se absterem nas soluções e depois nas votações, lhes permitem que os representem sem lhes delegar a representação. A culpa é de quem se abstém dos seus direitos e deveres de cidadania. Em vez de agentes da mudança optam por ser agentes da destruição. Prontos para o ataque quando os adversários estão de rastos. Como dizia o CMC, é o tempo dos cucos porem os ovos nos ninhos que outros construíram. Veremos, havendo derrota do PSD, se esses que dizem não ter tido capacidade de se elegerem, a não terão agora para o próximo conclave. Como diz o slogan do Totobola: - é fácil, é barato e dá milhões. LNT
3:16:00 da manhã
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