segunda-feira, janeiro 31, 2005
[0.220/2005]
Caro Gabriel,
(prezado Cidadão Livre)
Confesso que as minhas dúvidas tanto se encontram no âmbito teórico como, e nomeadamente, no real.
As comparações reais feitas pelo Gabriel têm a sua ponta de veracidade. Todas elas são possíveis de comparar. Agora, questionemo-nos, o contexto europeu pós-1945 tem alguma semelhança com outros? Não. Até porque na altura estávamos num mundo onde o bipolarismo emergia. Enquadramento sem comparações reais possíveis.
No caso de Timor-Leste, fenómeno peculiar, tem algumas semelhanças com o Iraque, contudo Timor-Leste não tinha, como tem hoje o Iraque, um "invasor" ao serviço do terrorismo.
E, o caso mais semelhante, em que as comparações têm mais pontos em comum com o caso iraquiano é o afegão. Sem dúvida. Mas, pergunto: estará o Afeganistão actual melhor do que estava? Está. É (in)discutível. Porém, o recrudescimento dos grupos radicais é factual. Assim como é factual o regresso do cultivo lucrativo de ópio às terras afegãs e, consequentemente, a sua exportação e alimentação, com o lucro das vendas, dos terroristas.
Caro Gabriel, podemos, devemos, pela aprendizagem que retiramos da História, tirar as devidas ilações. Mas não descuremos o que pode suceder. O caso iraquiano é único. Como é, ao fim e ao cabo, cada caso.
Se me permite embarcar na sua onda de analogias, no campo teórico com base nos factos, não coloquemos de lado um possível 1979 iraniano versão iraquiana contemporânea.
A Democracia não se impõe do exterior, luta-se por ela no interior. (Os casos: jugoslavo, georgiano e ucraniano.)
Por isso, por muitos defeitos que as sociedades: portuguesa, espanhola e grega possuam, esta nova vaga, como catalogou o famigerado Huntington, foi bem sucedida. Do ponto de vista democrático.
Importa, nas análises elaboradas ter em conta condicionantes internas e externas para a Democracia singrar.
Uma Democracia, como nós a concebemos, não se exerce de braço dado com as armas para se fazer valer. Esta é outra lição que a História nos dá.
Porém, caro Gabriel, descanse, ambos comungamos da mesma ambição: a estabilidade iraquiana.
CMC
8:31:00 da tarde
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