sexta-feira, fevereiro 25, 2005
 [0.379/2005] A fraqueza de um é a força do outro
Mais um triste acto de Monsieur Jacques. Desta vez, ele não foi o principal protagonista, mas não deixa de estar associado ao escândalo. O Ministro das Finanças francês instalou-se numa casa de luxo. Uma renda de 14 mil euros, paga com dinheiros do Estado francês - facto permitido pela lei permite. Ora, para um Estado como o francês, a braços, como o português, com um défice elevado, apesar da lei não impedir, a moralidade do acto é totalmente reprovável. Ao fim de alguns dias, por pressão da imprensa, o Ministro viu-se na contingência de pedir a demissão. Porquê? Quando se conheceu o valor do arrendamento, o senhor Ministro dissera que era pessoa de poucas posses. Ele, na realidade, só é pobre se se comparar as suas condições com o dono da Microsoft. O senhor Ministro não só possui várias casas, como mentiu quanto à sua situação económica. Felizmente, para ele e para os seus familiares, o senhor tem condições, mais do que suficientes, para não andar a depender do erário público. Porém, note-se bem qual a pasta tutelada pelo senhor que hoje pediu a demissão: Finanças, Economia e Indústria. Quem se recorda, há uns meses, em Novembro, para ser mais preciso, o Governo francês fez uma pequena remodelação. O Ministro até então das Finanças, Economia e Indústria tinha de abdicar do seu cargo governativo, pois Monsieur Jacques não queria que o super-Ministro fosse ao mesmo tempo Ministro e Presidente de um partido. O partido de Monsieur Jacques, o UMP. Ainda por cima, o Presidente do UMP foi eleito contra-gosto de Monsieur Jacques. Em Setembro passado manifestei as minhas dúvidas quanto à capacidade de Nicolas Sarkozy para tutelar o ministério das Finanças, Economia e Indústria. O que é um facto, é que ele só não deu conta do assunto, como estava a endireitar as contas públicas francesas. Monsieur Jacques, como tem ajustes de contas a fazer com Sarkozy, tenta, a todo o custo, limitar o raio de acção política da nova referência da direita francesa e, provavelmente, europeia. Até agora, nesta relação Monsieur Jacques/Sarkozy, cada tiro de Monsieur Jacques, cada melro. Quem sai sempre a ganhar do braço-de-ferro que o inquilino provoca é Sarkozy. E, Monsieur Jacques perde. Quem paga a factura das manigâncias e os arrufos pessoais de Monsieur Jacques é o contribuinte francês. Nada de novo, na responsabilidade pública, tão característica de Monsieur Jacques. Os assuntos, com a Justiça, do tempo em que foi Presidente da Câmara de Paris ainda estão pendentes. Serão tratados, espera-se, assim que a imunidade presidencial terminar. Faltam dois anos para a próxima eleição presidencial francesa. A direita francesa está enfraquecida, ao mesmo tempo, quanto mais a direita francesa fraqueja mais Sarkozy ganha credibilidade. Paradoxal, mas factual. CMC
6:53:00 da tarde
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