quarta-feira, março 30, 2005
  [0.520/2005] Aron e Sartre em Portugal [II]
Enquanto um continua na maré saudosista, outro académico levanta, e bem, a questão de "dizer que Aron é que tinha razão pouco adianta" (a nota de António Costa Pinto no DN não está online). Porém, não acrescenta, na nota que escreve, a dose com que Sartre era servido e a dose, inexistente, de Aron. Na realidade, o pensamento académico dominante no país, fruto do pós 25 de Abril, continua a ser maioritariamente de esquerda, mas de uma esquerda, como se pode comprovar no artigo de hoje, anacrónica. Com valores desfasados e indicadora de caminho nenhum. Como na altura o era. Quase como quem apregoa: sê tudo para te tornares nada. Por outro lado, os outrora radicais de esquerda, actualmente quase a roçar a militância do radicalismo de direita, da direita anglo-saxónica refira-se, sobretudo a militância existente, patente e apregoada numa reputada universidade portuguesa, também não deixam de ter uma concepção enviesada do país, como se fosse possível transportar modelos anglo-saxónicos e adoptá-los ao continente (e vice-versa). Por odiarem a doutrina que na juventude idolatraram, a defesa que fazem na actualidade dos pensadores conservadores e neoliberais acaba por ser feita mais na base de se oporem à posição dos ídolos do passado do que a crença profunda nos pensadores que evocam no presente. É tempo de mudar os paradigmas, mesmo que por momentos se possa cair no vazio. Mas, como estamos actualmente, as referências mais não fazem do que nos conduzir para o nada. Mais vale prevenir que remediar, isto é, senão estamos mesmos já em período de autêntico remendo. No fundo, para além da tão propalada refundação de direita, aspecto conjuntural, é toda a política que precisa de se refundar. CMC
5:00:00 da tarde
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