quarta-feira, março 30, 2005
  [0.518/2005] Aron e Sartre em Portugal [I]
Os tiques da esquerda dita bem pensante e o acanhamento doutrinário da direita envergonhada conseguem atingir em Portugal o cúmulo do bizarro. Que uma pessoa seja profunda admiradora do filósofo do existencialismo, está no seu pleno direito, mas querer com a evocação de um diminuir outro grande nome do século XX é lamentável. Trinta anos depois e a maturidade intelectual não está adquirida em Portugal. Talvez algumas pessoas só vejam Aron como "o" adversário, que foi, das tiranias do século XX, nomeadamente a soviética, quando o outro sempre se deslumbrou, quase toda a vida, com o Sol proveniente de Moscovo. Talvez até se desconheça que Aron admirava Karl Marx. Raymond Aron foi muito mais do que "o" opositor nato dos totalitarismos do seu século. Querer reduzir a sua personalidade ao mero papel de oposocionista do comunismo soviético não só é redutor, como se branqueia todo um vasto e profícuo trabalho intelectual nas diversas áreas do pensamento, que desenvolveu ao longo da sua vida. No fundo, a mania maniqueísta lusitana não deixa de ser um sinal de inveja, do ponto de vista das referências, quer na combatividade, na inteligência e na rectidão intelectual de quem nunca esteve na vida para agradar a gregos e a troianos ou só a uma das partes, como foi o exemplo de Raymond Aron. Em suma, cada qual com as as suas virtudes e os seus defeitos, e a Aron o que é de Aron e a Sartre o que é de Sartre. CMC
2:14:00 da manhã
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (0)
|
|