sexta-feira, abril 22, 2005
 [0.615/2005] A barbárie também é humana
"Ser-se jovem não é desculpa", disse a (verdadeira e não a actriz) secretária pessoal do déspota do III Reich no epílogo do filme, a propósito do alheamento das barbaridades cometidas pelo nacional-socialismo. O filme é desconcertante. A encarnação do tirano por Bruno Ganz é compressora. Como se fosse o próprio, em carne e osso. O seu estado irascível para com as altas patentes do nacional-socialismo é um retrato bem captado, tão bem captado que está ao nível das passagens bem reais filmadas por Riefenstahl nos áureos momentos do nacional-socialismo. Somos tocados pela ira e pelo afecto do tirano. Sim. Este filme, ao contrário de muitos, dá-nos um lado humano do ditador, pois, afinal, o déspota também era humano, como os seus sequazes, onde se consegue destacar a desumanidade que também é humana do seu ministro da propaganda, nomeadamente quando afirma que o povo alemão devia sujeitar-se e arcar com a ofensiva dos aliados. Nós bem sabemos quem eram os maus da fita, contudo importa não esquecer que eles também eram humanos. Da pior espécie à luz dos nossos valores? Com toda a certeza. Mas humanos. Faz, de amanhã a oito dias, dia 30 de Abril, 60 anos que o tirano se suicidou. Importa não esquecer o que foi e perpetrou o nacional-socialismo. Talvez algumas das palavras contidas no testamento político do Führer e do ministro da propaganda do III Reich ainda façam sentido para algumas pessoas, que se consideram vítimas de uma cabala judaica. Que ninguém fique ou esteja alheio ao que se passa na sociedade, é a grande mensagem final do filme, para que não haja trágicas repetições. Vale a pena ver este filme, que retrata as últimas horas de um dos mais marcantes, pior e inesquecível líder políticos do século XX, que, refira-se, em primeiro lugar, subjugou os alemães e os austríacos à sua opressão, cometendo, posteriormente, todas as restantes crueldades bem conhecidas e às vezes aparentam estar esquecidas. CMC
8:55:00 da tarde
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