sexta-feira, abril 29, 2005
 [0.643/2005] A girafa chinesa e a avestruz ocidental O tsunami de trapos
O Ocidente parece dar-se conta, só agora, do verdadeiro tsunami de trapos provenientes da China. Tsunami previsto. Bastava para tal facto a liberalização do mercado, que entrou em vigor no início do ano. E, os números são incontornáveis. Na Europa, no primeiro trimestre deste ano, entraram só 150 milhões de camisolas e outros tantos milhões de outras peças de roupa. O desemprego, que grassa nas margens ocidental e oriental do Atlântico norte, pode estar em vias de aumentar. E, face ao tsunami chinês de trapos, as medidas de (re)erguer novas barreiras para conter a inundação de trapos dos primeiros meses deste ano prevêem-se a curto prazo. No meio desta contenda, a China não tem feito o papel da avestruz. Aliás, desde o início que os chineses não fazem o papel de avestruz. Penso, até, que serão, numa linguagem zoófila, autênticas girafas - pois conseguem ver de uma posição mais alta, logo, vêem mais longe. O Ocidente confronta-se, internamente, com vários receios e problemas. Erigir barreiras aos trapos chineses será benéfica para milhares de empregos. Mas, acaba por ser um adiamento do problema, que, mais cedo ou mais tarde - com o ritmo da globalização bem se pode prever o curto prazo - acabará por surgir novamente. A contenção não suportará a força dos produtos de chancela chinesa. O neoliberalismo está a dar os seus últimos suspiros. Alguém esqueceu-se de ter em conta alguns ingredientes, tais como: alargamento à escala mundial dos Direitos Humanos, logo Direitos do Trabalho; a importância demográfica; e, no caso ocidental, o envelhecimento da sociedade, havendo poucas perspectivas de regeneração, daí a necessidade inevitável de imigrantes para assegurar o normal funcionamento da sociedade. Imigrantes estes que, legitimamente, fogem à tirania dos seus países, preferindo submeter-se à escravatura Ocidental do que sobreviver à miséria da sua terra natal. A desregulação mundial está a atingir um pico outrora inexistente. Naturalmente, devo confessar, que estou a fazer uma leitura com lentes ocidentais. Que, procura levar, ou pelo menos manter, as condições de dignidade e Direitos do Cidadão e não diminui-las, como já está a acontecer na Europa. Trabalhar mais e com menos condições começa a ser a fórmula encontrada, para já, por empresários e trabalhadores, de forma a manterem minimamente o seu modo de vida. Os tempos são de grandes e complexos desafios, mas não podem ser enfrentados com uma posição de avestruz. CMC
6:45:00 da tarde
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