segunda-feira, abril 25, 2005
 [0.625/2005] O 25 de Abril precisa de um 25 de Abril
O 25 de Abril precisa de um 25 de Abril. Um golpe de Estado à própria data, desta vez sem período pós-revolucionário (que se constatou desastroso para o país) para que esta Nação à beira-mar plantada na parte mais ocidental da Europa desperte da letargia. O 25 de Abril de hoje começa a fazer concorrência no relevo da data àquela que o país atribui ao 5 de Outubro. Há uma ligeira e ainda notada diferença. O vermelho dos cravos. O 5 de Outubro. Quem se recorda dele? Um dos momentos mais marcantes da Nação de quase nove séculos. Nem cem anos fez e o esquecimento é global. O 25 de Abril, ao contrário do homem que mais pretendeu derrubar e não conseguiu, repousa, sossegado e tranquilamente, numa cadeira. Como se tudo estivesse na melhor das condições. Exceptue-se as palavras de ordem do dia que condenam a situação, mas que, logo a 26, recolhem ao baú, para só conhecerem a luz do dia no ano seguinte. E, coincidência das coincidências, quem no 25 de Abril se pavoneia, são os que todos os anos verborreiam 25 de Abril. Os que se consideram os proprietários da marca 25 de Abril. (Alguém ainda se recorda de Salgueiro Maia no dia seguinte ao dia da revolução dos cravos, ou melhor, os tais que se consideram "proprietários" do 25 de Abril recordam-se, por interesse pessoal e não somente por evocação, como terminou os dias o homem que liderou heroicamente as tropas que desceram de Santarém até Lisboa?) O 25 de Abril e o país refastelou-se com a mina Europa. O projecto económico europeu, e ainda longe de o ser político, tornou-se a fonte de todos os milagres depois da seca dos antigos chafarizes: Oriente, Brasil e África. Por isso, a Europa, nesta terra, é sempre líquido saboroso quando escorre fundos. O 25 de Abril aburguesou-se sem ter espírito burguês. O 25 de Abril transpira mofo. São sempre os mesmos com o "defender o Abril de 74", proclamando em 2005, como nos anos transactos, os mesmos lemas de 1974. Mas, o 25 de Abril, refira-se, permite este comentário. Livre. Que autoriza e enaltece, se tal for necessário, a própria condenação do presente 25 de Abril. É a mais genuína raiz do 25 de Abril de 1974 - a Liberdade - que concede esta expressão, ponto de vista, sem peias. É pela apreciação e defesa do que significa o 25 de Abril que digo: o 25 de Abril precisa de um 25 de Abril. CMC
7:10:00 da manhã
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