quarta-feira, abril 27, 2005
 [0.632/2005] Procurar misturar o insolúvel
Surge a tese de que uma frente de esquerda é necessária nas autárquicas para a esquerda poder triunfar nas presidenciais. A tese pode ter validade teórica, mas, no campo do real, é pouco verídica. Como se sabe. As autárquicas têm um âmbito muito próprio. E, exceptuando-se algumas capitais de distrito (praticamente Lisboa e Porto), nos restantes concelhos do país a escolha tende, quase sempre, a pender mais no candidato do que no partido. Ao contrário da lógica de voto nas legislativas. No caso das presidenciais, que neste momento estão imunes de qualquer influência eleitoral anterior, sejam resultados autárquicos e/ou legislativos; não há qualquer dinâmica de vitória, de um espectro político, no caso da esquerda, que vá contagiar as eleições de Janeiro de 2006. Há algum tempo, três anos sensivelmente, que a esquerda queimou o único candidato com condições para ganhar a corrida a Belém em 2006. Por isso, e de forma inteligente, o candidato da direita soube colocar-se à margem das tricas partidárias, nomeadamente as da sua área política, com as quais nada quis e até chegou a demarcar-se, e surgirá como candidato imaculado no próximo Verão. Alguma esquerda já está a procurar justificações para antecipar, com largos meses de distância, uma derrota inevitável, (quase) certa e sabida por todos. Da esquerda à direita. Pelos vistos, a forma encontrada para defender a ausência de uma candidatura vencedora de esquerda passa, agora, pela defesa de uma frente de esquerda nas autárquicas, argumentando que esta frente teria efeitos nas presidenciais. Ora, como já referi, as próximas presidenciais estão imunes a quaisquer ondas eleitorais anteriores. E, melhor, beneficiam da tese há uns anos apregoada da defesa de ovos em diferentes cestos. E, tendo em conta esta tese, da dita frente de esquerda autárquica, faço uma leitura oposta. Caso viesse a concretizar-se, tal só viria reforçar a candidatura imaculada, pelo simples facto de este ter como princípio norteador a corrida para Belém e o candidato de esquerda concorre com o intuito de contrariar o candidato de direita. Ora, só pode ganhar quem corre com a finalidade de cortar a meta e não quem corre para tentar inviabilizar a corrida de um adversário da mesma competição. Por isso é que o dono do Muttley nunca ganhava as corridas. Isto aprende-se em criança. A esquerda queimou-se a si própria. Sobretudo por invejas pessoais. Pelos vistos, a lição das presidenciais francesas de 2002 ainda não foi bem estudada pela esquerda portuguesa. Assim sendo, agora, quem quiser lamba as queimaduras, mas não se queixem dos outros. Assumir a responsabilidade só interessa quando há ganhos. Quando não há, pois os outros que a colham. Esta mania de considerar que o "inferno são sempre os outros" é anacrónica e lúgubre. É a vida! CMC
12:56:00 da manhã
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (0)
|
|