domingo, maio 22, 2005

[0.731/2005] Iberismos
A Dois passou hoje um óptimo documentário feito pela TVE sobre a evolução dos países ibéricos e das suas relações desde os tempos de Franco e Salazar. Embora numa abordagem obrigatoriamente superficial, dado o tempo abrangido, o documentário é uma peça importante para o conhecimento do relacionamento na Península. Seria útil passá-lo nas escolas para melhor compreensão do muito que dificultou as relações entre os vizinhos e igual compreensão para o que a adesão europeia fez pela sua aproximação. Malgrado a diferença de desenvolvimento, coisa de décadas muito anterior ás ditaduras nos dois países, é hoje certo que Portugal já deixou de temer a invasão territorial de Castela, primeiro por sentir a protecção comunitária e depois por saber que a Espanha há muito entendeu ser preferível ter aqui um mercado de escoamento de produtos, a ter de suportar o sustento lusitano. A falta de aposta que os portugueses fazem em Portugal, transporta as suas poucas riquezas para os cofres espanhóis. Os estudantes portugueses de medicina ajudam a suportar as faculdades espanholas, os licenciados portugueses em design e marketing emigram para Barcelona, enquanto que em Portugal importamos serviços espanhóis na área da consultoria, informática, medicina e enfermagem. As indústrias espanholas comercializam os seus produtos em solo português, se necessário, para venderem produtos portugueses com etiquetas espanholas. Voltando ao documentário. Mesmo durante as ditaduras Ibéricas, Portugal e Espanha sempre marcaram ritmos diferentes. Embora Franco fosse mais sanguinário que Salazar, proporcionou a Espanha um desenvolvimento que o provincianismo do homem de Santa Comba nunca conseguiu entender. Enquanto Franco apostou forte nos sectores industriais, Salazar apostou no dinheiro debaixo do colchão. Quando as ditaduras caíram, a lusófona pelas armas, a espânica por doença e pela elevação de Carrero Blanco, já Espanha era uma potência e Portugal uma impotência. Portugal sempre se portou com alguma alarvidade. Até no ataque que em toda a Europa se fez às embaixadas espanholas por ocasião dos últimos 5 condenados à morte no País vizinho, o de Lisboa materializou-se mais na pilhagem do que na contestação. Muitas das pratas desse espólio ainda devem estar na posse dos revolucionários de então. O documentário da TVE passado na Dois é um bom exercício de memória para quem viveu alguns dos acontecimentos e de história para quem ainda não tinha nascido. É pena que a RTP1 não o passe em horário de maior divulgação. LNT
2:00:00 da manhã
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