segunda-feira, maio 30, 2005
[0.758/2005] A política dá muitas voltas
Curioso. A política dá muitas voltas. Ontem, por toda a Europa, a maior parte dos adeptos do "não" comemoravam a vitória do chumbo francês. E, de forma mais ou menos directa, estavam a comemorar, também, a derrota de Monsieur Jacques. Mas, recuemos um pouco no tempo e lembremo-nos de o que se tem passado neste nosso Velho Continente nos últimos anos. Muitos dos que ontem comemoravam eram os mesmos, há pouco mais de dois anos, que aplaudiam entusiasticamente a posição dos políticos francês e alemão, os grandes derrotados dos últimos tempos, relativamente à posição, no contexto europeu, britânico e de outros aliados dos Estados Unidos na Europa no que diz respeito à situação iraquiana. A Europa tem de ser mais forte. Era então palavra de ordem. Monsieur Jacques e Herr Gerhard representavam a defesa da Europa, na época, para muitos dos actuais defensores do "não", face à potência norte-americana. O papão do Ministro dos Negócios Estrangeiros, figura do novo Tratado, assusta muitos dos soberanistas e adeptos do "não", os mesmos que há dois anos aplaudiam a posição de Monsieur Jacques, por este tanto defender as possíveis posições europeias. Monsieur Jacques que sempre teve um papel mais proeminente, face ao sempre mais acanhado chanceler alemão. Ora, a União, como potência, continua manca. É um gigante económico e está politicamente raquítica. Os tais guardiões da Europa (Monsieur Jacques e Herr Gerhard) perderam e quem mais procurou dividir a Europa, como acusaram há dois anos, o Primeiro-Ministro britânico tem agora a hercúlea tarefa de recolher os cacos partidos e devolver vitalidade à União, na qualidade de próximo responsável da Presidência da União. A partir de Julho. Quem diria. Um britânico a ter de devolver a esperança à União. E, segundo alguns, ainda por cima a tarefa está a cabo do pecaminoso que se vendeu aos norte-americanos. A tarefa não é fácil. Não é uma batata quente que está na mão, mas um explosivo que, se não for tratado com pinças, pode estilhaçar o projecto europeu. A seguir com particular atenção a Presidência britânica da União. Num dos momentos de crise. Fatalidade ou destino? A verdade é que muito da União passa, nos próximos meses, pela condução britânica da União Europeia e pela forma como Blair tratará o delicado processo. Para quem pensava que veria livre de Blair, ele aí está, de novo, a nível interno (britânico) e europeu, e com um papel fulcral para a União. Nunca tantos, agora, serão tão poucos adeptos do seu empenho em prol do projecto europeu como foram na sua condenação. É a vida! CMC
10:31:00 da manhã
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