segunda-feira, maio 30, 2005
[0.759/2005] Um revés [II] Do eixo franco-alemão
Outro dos motivos, e que no imediato está a passar ao lado da análise, por que esta União está a falhar, reside na ausência de um motor europeu (franco-alemão) com dimensão europeia. Goste-se ou não, a grande força motora europeia sempre residiu na determinação gaulesa e germânica, de puxar pela União, sobretudo quando esta estava abatida. O eixo Paris-Bona sempre foi determinante, pois a ambição dos dois lados do Ruhr era ao nível europeu. A actual dupla franco-germânica (Monsieur Jacques e Herr Gerhard), que por demasiadas vezes critiquei no TUGIR pela ausência de dimensão europeia, dimensão esta que não prescinde de um projecto nacional para cada Estado, acaba por ruir, numa semana, como um castelo de cartas. Primeiro, na Renânia Norte Vestefália. Ontem, em França, com o chumbo ao Tratado Constitucional Europeu. As lideranças posteriores às chefias que sentiram a queda do Muro de Berlim retrocederam. Em vez de progredirem, preferiram recuar para a dimensão puramente nacional. O resultado está à vista. Quando um projecto, grande e ambicioso como o europeu, titubeia, hesita, não sabe o que deve enfrentar, ou até, tem medo de enfrentar os desafios hodiernos, as populações sentem e ressentem a desorientação das lideranças políticas. Os alemães estão a pagar a factura e determinaram o seu preço na semana passada. Legislativas antecipadas e um muito provável "auf wiedersehen" a Herr Gerhard nas urnas. Os cidadãos franceses passaram ontem a sua factura e, possivelmente, Monsieur Jacques nem dirá "adieu". Sairá pela porta, em 2007, pela qual não entrou em 2002. Herr Gerhard e Monsieur Jacques estão a chegar ao termo das suas carreiras. A saída representa um fim de ciclo na política alemã e francesa, e, também, europeia. São lideranças que deixam poucas saudades. E, melhor do que ninguém, os cidadãos disseram de sua justiça. Aprecie-se ou não. Faltam políticos, à Europa e ao mundo, com a dimensão de Helmult Kohl e François Mitterand. Infelizmente, muitos dos políticos da actualidade limitam-se a ver só o presente. A fazer um gestão do e para o imediato. A pensar exclusivamente nos dividendos eleitorais. Pois os dividendos estão à vista, quando não há ambição, projecto, o único resultado que podem esperar e merecem receber é a derrota. CMC
5:20:00 da tarde
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