terça-feira, junho 21, 2005
[0.853/2005] Para que a memória não seja curta
Passei pelo clube de vídeo e a capa exposta na prateleira despertou curiosidade. Que filme seria aquele. O nome do senhor desperta sempre atenção. Fiquei reticente entre alugar ou não. Cedi. Ainda embalado pelo magnífico filme "A Queda". Entretanto, como não dei conta da passagem pelos cinemas portugueses de "Hitler - A ascensão do mal", fiz uma breve pesquisa. De facto o filme não é filme, é uma série de dois episódios, produzida em 2003, que agora o DVD acaba por nos servir como filme. São três horas que relatam o percurso desde a criancice até à tomada do poder na Alemanha do déspota. Se a "A Queda" é demasiado real, e retratam os últimos momentos, "Hitler - A ascensão do mal", que retrata os primeiros momentos, tem, como muitos filmes que reproduzem o tirano, uma certa dose de exagero, ao invés de "A Queda", que tem o cuidado de não demonizar o personagem. Todavia, Robert Carlyle, que encarna o opressor, capta de forma exímia a personagem, especialmente os trejeitos. Do filme resulta uma síntese excelente da época de ascensão do tirano, desde os finais do século XIX até à década de 30 do século XX. Permitindo ter uma noção geral do que aconteceu. Recomenda-se vivamente o visionamento. Não só para os que desconhecem o percurso de vida do déspota, mas também serve como lembrete, de certos sinais, que devem estar presentes, nomeadamente na xenofobia reinante e como se consegue edificar, consolidar e inflamar um discurso xenófobo. A frase do pai do conservadorismo, Edmund Burke, que surge no início e no final do filme, é poderosa: Para que o mal triunfe, basta que os bons fiquem de braços cruzados. Em tempos, sobretudo de letargia, como os actuais, os braços nunca devem estar cruzados, pois há sempre quem esteja interessado em usurpar a Liberdade, justificando-se sempre com um bode expiatório, como causa de todos os males da sociedade. Os argumentos apresentados são sempre irracionais. Por isso, antes que a irracionalidade reine, para destruir, convém não deixarmos as emoções num estado primário e vulnerável. Saber distinguir o essencial do acessório é fundamental. Não só para que os braços não se cruzem, mas também para que a chantagem não comece a dominar os mais reticentes. O clima mais favorável para a chantagem grassar é imprescindivelmente o medo e a insegurança. E este clima não está tão distante, como alguns podem pensar, dos nossos dias. CMC
3:45:00 da manhã
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