sexta-feira, junho 24, 2005
[0.867/2005] Evitar a lama e a ferrugem
Um país à deriva. Assim se encontra Portugal. Podemos constatar, no presente processo de negociações das perspectivas financeiras, como estamos sem rumo. Há anos que nos arrastamos. Apenas nos preocupamos com os fundos. Queremos fundos. Reclamamos junto dos outros parceiros comunitários. Fundos estes que recebemos há duas décadas e muitos deles sem benefícios, para o todo nacional, comprovados. Coesão. É necessária coesão. Reivindica-se nos corredores e nas salas de reuniões de Bruxelas. Talvez se pudesse perceber e mudar a posição depois de ouvir as palavras de Blair, e as de González há umas semanas quando assinalámos os 20 anos de adesão (note-se a situação dos Estados de cada uma das referidas personalidades), em vez de nos reconfortamos, como a França, na espera, estática, das recompensas do bolo comunitário. Que proposta para a União é apresentada por Portugal? Nada. A única marca assinalável, e que ainda marca o compasso europeu, é a Agenda de Lisboa e, também, não menos relevante, a ligação da União Europeia a África, quando Portugal assumiu a presidência da União em 2001. Com a excepção do período de governação de Guterres, a nossa contribuição para a União é receber. Um país sem estratégia, neste mundo, não se adia, afunda-se. E, à falta de mobilismo junta-se o hipnotismo. A obsessão pelo défice não é bom caminho. Quer parecer-me, e espero estar errado, mas a política vigente nos dias de hoje enredou-se na teia do défice como os governantes de há três anos. A bússola política tem uma única e exclusiva prioridade: o défice. Conta-nos a história recente como terminou a obsessão. Se havia um buraco e procurava-se tapá-lo a todo o custo, sem pensar no resto, o resultado era mais ou menos óbvio, o buraco aumenta. Quem continua a fazer do titular da Fazenda, o chefe da casa das máquinas, o homem do leme da embarcação nacional, sujeita-se a não sair do porto, já de si pouco estável, onde a nau está atracada, por recear um temporal (como se ele não estivesse aí à vista e sentido por todos). Pena que ainda não se tenha percebido que o porto está situado no mar e que ele também não escapa aos temporais. Quem tem medo do mar alto (leia-se globalização) e resguardar-se no abrigo junto da costa, pensado que dessa forma escapa às adversidades, acaba por ficar enlodado e a ganhar ferrugem no estaleiro. O lodo e a ferrugem são sempre mais fáceis de adquirir do que o progresso. Os primeiros nada exigem, basta a inércia, o segundo custa, e muito, alcançar. A velha história, da cigarra e da formiga! CMC
3:23:00 da manhã
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