sexta-feira, junho 24, 2005
[0.868/2005] Da ferrugem e da lama
Quando as elites portuguesas intelectualizam, fazem-no na abstracção. Quando os cientistas portugueses investigam, fazem-no na exposição. Quando os políticos portugueses contextualizam, fazem-no na especulação. Quando os portugueses são sabujos, mansos e retrógrados, recebem o mérito e o reconhecimento. Quando os portugueses são inovadores, arrojados e vanguardistas, dizem-nos com deficiências comportamentais. É isto que resulta na ferrugem, no emperramento de quem se atola em lamas movediças. Portugal está mal e como a receita não passa de mezinha caseira, vai ficar pior. Falta arrojo e imaginação. Falta criatividade e coragem. Falta liderança e dedicação. Não é um problema de direita ou de esquerda. É uma questão de atitude. É fácil governar em tempos de abundância, principalmente se o objectivo for essa facilidade e não o arrojo. Em tempos de crise é diferente. De pouco serve o discurso da indiferença, em que a ferrugem revelada na provocação arrogante se fica por frases imbecis. Umas culpabilizantes dos que progridem, por progredir, outras que se escudam na surdez para deixarem de escutar ruídos (dizem). Quando ontem falava com um amigo, ouvi que, se calhar, não há outra forma de fazer. A questão reside provável e somente no facto de ausência de explicações, tanto para o que se faz, como para o que se pretende obter. Por isso a agitação, o descalabro, o desacato dos cidadãos. Dizia-me também que pouco de novo se via. PS no poder é sinal de contestação, coisa de que as esquerdas se abstêm quando as forças de direita estão na governação. Recordava a Administração mansa em dois anos seguidos de bloqueamento de salários (que nada resolveram). Comparava com a agitação sindical agora conseguida por muito menos. Sei ser assim, mas é preciso liderar. Alturas de maior crise exigem maior esforço e dedicação. Menos meios, exigem concentração dos recursos no essencial. Implicam mais reivindicação. Apelam a maior disciplina mas também a maior empenhamento, paciência, argumentação e explicação. O esforço tem de se centrar no incentivo para novas fórmulas inteligentes que promovam a ultrapassagem das questões. Capacidade acrescida de imaginação. É este o paradigma que evita a lama e a ferrugem. Inteligência na liderança porque não é verdade que em casa onde não aja pão, todos tenham de ralhar sem ninguém ter razão. LNT
12:36:00 da tarde
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