sexta-feira, julho 15, 2005
[0.961/2005] O esgotamento sindical
Todos têm direito à greve. Esse é um direito inalienável de uma sociedade democrática. Todos aqueles que se sentem ameaçados nos seus direitos devem reivindicá-los e fazer valer, por jornadas de luta, os seus pontos de vista, se, pelo menos, o diálogo com o poder não estiver previsto. Porém, em Portugal, nos últimos anos, assistir a uma greve e às palavras de ordem é ver os mesmos rostos que há décadas dizem sempre o mesmo, independentemente do Governo. Para a maioria dos dirigentes sindicais, em Portugal, tudo está sempre mal. Os sindicatos, em vez de forças de bloqueio, deviam ser forças impulsionadoras de mudança. Em Portugal, os sindicatos são uma força de entrave. Como podem os trabalhadores, que não se revêem nas políticas governamentais, identificar-se com as pessoas (dirigentes sindicais) que os deviam defender mas que, de facto, só têm interesse em entravar? Os sindicatos do século XXI não devem submeter-se à pura defesa dos direitos de uma classe profissional. Obviamente que os direitos devem ser defendidos, mas os sindicatos também devem lutar pela conquista de mais e constante qualificação (não a que tem sido feita nas últimas décadas, à sombra dos fundos comunitários e que não anda a formar ninguém ou forma só alguns), para que se possa enfrentar os constantes riscos e desafios do mundo globalizado. Parece que o fenómeno das deslocalizações ainda não foi compreendido pelas forças sindicais. Quando centenas de trabalhadores entram no desemprego, como podem estes (re)entrar no mercado de trabalho quando só sabem fazer aquilo que fizeram até então? E sem qualificações? Diversificar a qualificação profissional é um ganho incalculável para qualquer pessoa. Como diria o léxico marxiano, a qualificação é uma mais-valia. No caso, no sentido benéfico para o trabalhador. Em Portugal, os sindicatos só defendem os interesses instalados por cada corporação. Já que se estão a limitar os mandatos políticos, bem podiam os sindicatos seguir o exemplo e limitar os mandatos dentro das suas organizações. Porém, alguns, que se dizem trabalhadores e defensores destes, será que saindo das direcções sindicais saberiam fazer mais alguma coisa? Só assim se compreende a perpetuação nos cargos. A classe laboral continua mal representada. E quem perde, sempre, é o país. A arma laboral no século XXI não é salvar o emprego que se tem, é ganhar empregabilidade. CMC
9:06:00 da manhã
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