quinta-feira, julho 21, 2005
[0.992/2005] Lágrimas de crocodilo
A choradeira que vai por aí! Componham-se e tenham compostura porque não morreu ninguém. Afinal foi só afastado alguém a quem, por não ter tido capacidade de perceber que pertencia a uma equipa, se teve de explicar que faria melhor papel na actividade individual. Houve qualquer coisa que Campos e Cunha nunca percebeu. Quer-me parecer que foram não uma, mas duas: A primeira é de que vivemos em democracia, isto é, que em democracia os candidatos ao poder sujeitam-se ao escrutínio apresentando os caminhos a trilhar. Bem sei que o Executivo não tem de ser exclusivamente composto por militantes políticos, mas, o mínimo que se pode exigir a alguém que pretenda integrar um Governo é que leia o seu programa eleitoral. Se entender que pode cumprir as promessas, participa, em caso contrário, não deverá aderir. Não parece matéria de difícil compreensão. A segunda é de que todos são livres de votar e ser votados. Se Campos e Cunha tinha propósitos diferentes daqueles que o Governo que integrava defendia, deveria, antes que o cansaço o esgotasse, ter apresentado em tempo próprio essas suas intenções ao País. Se o tivesse feito, talvez fosse hoje Primeiro-Ministro, evitava a exaustão e o País seguiria o Cherne que tinha escolhido. Também não me parece difícil de entender. Ao que Campos e Cunha e muitos dos comentadores da praça se terão de habituar (constatações à la Palice do tipo Dona Constança) é de que, por muito iluminados que sejam, ou pensem ser, para governar um País é necessário que as suas propostas sejam as escolhidas. Não é lícito que os políticos se declarem não-políticos para poderem exercer, a seu belo prazer, políticas contrárias ao colégio que integram. Ao invés da voz corrente entendo que não compete ao Ministro das Finanças impor vontades mas antes reunir as condições para que as vontades do colectivo sejam satisfeitas. Habituados estamos já com as costumeiras lágrimas de crocodilo e louvores póstumos, sejam provenientes de quem sempre contestou a acção política dos demitidos, sejam dos gatos-pingados institucionais que proferem as exéquias. LNT
2:46:00 da tarde
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