segunda-feira, julho 25, 2005
[1.011/2005] Governantes que precisam de conhecer a História ibérica O caso do TGV
Caro Rui, À espera de ler esse texto que, com toda a certeza, será interessante (assunto que merece reflexão: quando a direita está no poder, só há, praticamente, esquerda, quando sucede o inverso, a maioria da esquerda retrai-se e camufla-se - será que o universo blogosférico está condenado a ser uma antítese do poder?, ou, sinal da imaturidade política democrática nacional de não saber conviver com passagens pelo poder ou pela oposição enquanto se mantém uma actividade blogosférica permanente?). Entretanto, como referi na semana passada, devemos retomar o tema Ota e TGV, afinal o assunto é muito mais importante para o colectivo nacional do que andar a apoiar soluções políticas de outras décadas. E, mais do que uma questão de números astronómicos, deve promover-se o debate em torno dos interesses estratégicos nacionais. Passei pela página dos caminhos-de-ferro espanhol e surpresa das surpresas, a actual rede de alta velocidade espanhola não chega, ainda, às principais cidades da Catalunha e País Basco. Galiza, nem cheira os carris da alta velocidade. No caso catalão como é possível o trajecto ficar a meia dúzia de quilómetros de Barcelona? A lógica do TGV deve ser pensada a nível das diferentes nações ibéricas. Como se pode depreender pelo actual traçado da AVE. Ainda que, oficialmente, a lógica do discurso seja Estado a Estado. No que toca à nação portuguesa, esta parece cair que nem um patinho nas pretensões de Castela. Há governantes que precisavam de umas aulas de História e saber por que se construiu e quando a cidade de Madrid. Infelizmente, agarram-se ao dogmatismo keynesiano. Como se vivêssemos hoje na década de 30 do século anterior e toca a construir de forma desenfreada. Ligação de TGV a Madrid e ao resto da Europa? Com certeza! Mas a partir de Sines, e cargas, em vez de passageiros. Ligação de TGV? Com certeza! Porto-Vigo. Ligação Lisboa-Madrid passageiros? Pode ser muito aliciante para nós, cidadãos, podermos deslocar-nos à capital do país vizinho em três horas, mas é pouco benéfica para a economia, para não considerar mesmo prejudicial, o que tornaria (ainda mais) a economia lusa totalmente periférica. Sines-Madrid cargas, sempre representaria crescimento económico nacional e desenvolveria o Alentejo (pelo menos o litoral), que parece estar remetido ao atraso. Lamentavelmente, em Portugal, pensa-se tudo a partir de e em Lisboa. Como se o país, para progredir, dependesse do que a capital tem, ou não, de ter. Por isso continuamos com um país atrasado e pouco desenvolvido, com uma concepção nacional a partir do Terreiro do Paço. Vistas curtas são sinónimo de desenvolvimento nulo. Quanto aos portos e aeroporto, voltarei noutros textos, até porque tudo está interdependente. A discussão nem precisa de passar pelos gastos. Se os milhões de euros a serem empregues são para benefício nacional, isto é, crescimento económico com o consequente aumento de emprego, o gasto de vários milhões de euros acaba sempre por ser um investimento e com resultados benéficos para o conjunto nacional. CMC
11:52:00 da manhã
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