terça-feira, agosto 02, 2005
[1.040/2005] Socialistas que acreditam no Pai Natal
Grande parte dos socialistas portugueses descobriu, sem o saber ainda, que, afinal, sempre acredita no Pai Natal. Das diversas audições que fiz (como determina a moda política), antes de me pronunciar, e não fui a Belém (à fábrica dos pastéis!), quase todos são unânimes: "Epá, o tipo ainda pode ganhar" ao Professor de Boliqueime, ou reagem com um "pelo menos o fulano não tem o tapete vermelho estendido para Belém". Quanto a este ponto, do tapete vermelho, sabe-se que a campanha tem de ser feita. Pois não há vencedores antecipados. Quem é que se recorda do que aconteceu nas autárquicas de 2001, em Lisboa? Pois... Se bem que a maioria das pesoas com com falei não o assuma, vergonha inconsciente?, todos têm noção de que a candidatura do Professor de Boliqueime é imparável e prefere, neste momento, iludir-se com algumas parangonas de primeira página. Que podem fazer as delícias do imediato mas tendem a esbater-se assim que as palavras do adversário surjam em público. Isto porque, até hoje, note-se, o mais que provável candidato da direita nem retirou nem acrescentou um ponto à sua candidatura. Há sempre alguém que faz a sua vez e manifesta o que irá acontecer. Motivos de uma candidatura de direita forte? Basta atentar que durante três anos se incutiu na sociedade portuguesa de que é necessário um Messias para a salvação nacional. E, melhor do que ninguém, o Messias é a pessoa que governou o país durante mais tempo. Nunca se fez qualquer escrutínio da década de poder, com a única excepção de se dizer que foram os anos mais prósperos do país em democracia, sem qualquer base para tal argumento. Certos programas de análise política, na televisão, não servem só para apurar o momento. Também servem, e de que maneira, como palco de campanha. Assim, durante três anos, primeiro em Queluz, agora nas bandas da Expo, o discurso do salvador instalou-se e não despega. Quanto aos socialistas, que queimaram a partir de 17 Dezembro de 2001 o melhor candidato da esquerda e a pessoa mais adequada, presentemente, para o cargo de Presidente da República, estão a pagar a factura de tal atitude. Os socialistas deixaram o barco presidencial rumar sem timoneiro, e, à última da hora, desesperados, quiseram engatar uma candidatura, de outras eras, na expectativa de colar. Mas não cola. E não cola por diversos motivos. Que são de natureza política e não de carácter etário. Só não vê quem não quer, ou quem, legitimamente, é sequaz do hipotético candidato. O que merece todo o respeito. A esquerda descurou uma candidatura vencedora. Tenta arranjar uma em cima do joelho. E, como diz o adágio, a emenda é pior do que o soneto. Em suma, a grande maioria dos socialistas encara hoje a eleição presidencial como os sequazes do antigo Primeiro-Ministro e actual alcaide alfacinha encararam a eleição de Fevereiro deste ano. Acreditavam piamente na vitória. O resultado está à vista de todos. Só não viu/vê quem não quer. Reitero o que escrevi há uns meses. A política portuguesa é demasiado previsível. Infelizmente, das duas putativas candidaturas presidenciais, nenhuma serve o país, pois nenhuma traz nada de novo. Pelo contrário. Assim vai Portugal, navegando à deriva. CMC
11:27:00 da tarde
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