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      | segunda-feira, agosto 29, 2005 
 
  [1.139/2005]
 Novas embarcações, novos modos de manobrar
 
 Caro Rui Pedro,
 Fico satisfeito em saber que não tens dúvidas, muito menos enganos quanto à tua cruzinha, no próximo mês de Janeiro.
 Eu tenho muitas e à medida que o tempo passa elas aumentam.
 Como se olhasse para um deserto. Não vejo ninguém com perfil, no presente, para enfrentar os desafios do século XXI.
 O barco do Estado, hoje, comanda-se, essencialmente, com botões. Já lá vão os tempos em que os comandantes tinham de saber manobrar o leme, com perícia manual.
 Os tempos do mundo mudaram, assim como mudaram as formas de manobrar as embarcações. Cada vez mais complexas. Cheias de botões e vários manípulos. E nem sempre o botão ou manípulo que pode indiciar traçar a melhor rota pode ser o mais favorável à tripulação, pois, devido à desregulação do tempo e do mundo, tanto pode haver correntes desfavoráveis, como encontrar tufões. E, no presente contexto mundial, como sabes, correntes desfavoráveis e tufões não faltam a cada semana que passa.
 Não vejo ninguém, a bordo e a estibordo, com perícia para dobrar, a favor do país, esses novos Adamastores contemporâneos. E aqui reside um dos problemas. Vários assinalam a capacidade de quem sabe manobrar, e bem, o leme, saber, também, mexer com destreza nos botões e manípulos da embarcação.
 Poderás argumentar, mas as pessoas em causa conhecem bem os ventos e marés. Pois bem, meu caro, os ventos e marés, de outros tempos, nada têm a ver com os presentes. Antes havia ventos vermelhos de leste, e esses já lá vão. E a lógica de os enfrentar, também.
 Até quando a ilusão valerá como fuga da nossa realidade? Talvez até nos estamparmos.
 No fundo, os tempos mudaram, o mundo mudou, só Portugal parece ter ficado na mesma. O que, assinale-se, começa a ser problemático.
 O passado continua a ser um presente excessivamente futurista.
 CMC
        
        
         8:02:00 da manhã
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