segunda-feira, setembro 12, 2005
[1.219/2005] Caça às bruxas [ II ]
A opinião pública mundial em geral e a portuguesa em particular, mais pelo facilitismo de alancar culpas a outros do que pela dificuldade de assumir as suas responsabilidades de cidadania, é negativa em relação aos detentores de cargos públicos e lesta em extrapolar esse negativismo a todos os que, conscientes dos seus deveres de cidadania, actuam politicamente. Chamam a essa gente a "classe política". Acontece que em democracia e nos partidos da democracia, para além dos políticos profissionais (que deveriam ser ainda mais profissionais), existem muitos cidadãos que entendem as suas obrigações cívicas por simples dedicação e pela utilidade que julgam ter ao serviço da comunidade. Normalmente, prescindem de muita da sua comodidade e tempo de lazer, acabando não poucas vezes, como paga, por ser apontados como os bodes expiatórios do comodismo dos seus concidadãos. Esta é, aliás, uma das pagas características que as comunidades têm para quem desenvolve os seus deveres de cidadania. Um exemplo claro e perto de todos é a administração dos condomínios onde, por sistema, poucos trabalham dedicadamente e muitos fogem às suas obrigações comunitárias, não sendo raro que os segundos teçam duras críticas aos primeiros. A "classe política", como todas as outras, tem bom e mau. Tem gente que trabalha e outra que vive do esforço alheio. Tem gente dedicada e empenhada e tem caciquismo. Tem os que "dão o litro" e os que ascendem sem nunca o terem feito. Tem os que se batem em eleições e os que só singram por nomeação e inerência. É assim na política, como é no trabalho e em todas as outras actividades. Aproveitando a imagem distorcida desta realidade, o Governo anterior introduziu no léxico comum a expressão "sociedade civil", não para a distinguir da militar, mas para dela excluir a "classe política" como se os interventores desse governo fossem apolíticos (seja lá o que isso for). Faz parte duma estratégia de retirar força anímica à participação política para diminuir a concorrência. A causa da indignação deste Tugir perante o INDEX que se propõe na Blogos: O levantamento, com objectivos duvidosos, com fraca base metodológica e sem análise científica e a promessa de divulgação dos dados avulsos obtidos sem tratamento informativo, só contribui para a fraqueza do sistema democrático que se diz defender. Resulta, em forma de INDEX, numa nova discriminação dos cidadãos, ao arrepio das normas constitucionais (Falmos de um índice de nomes). Nada acrescenta de útil (porque não tem base científica, nem tão pouco informativa) que contribua para a melhoria e saneamento do sistema político. Mais do que um País de denunciantes e acusadores, Portugal precisa de se transformar numa Nação de gente envolvida e proactiva que crie valor e participe empenhadamente nas soluções de desenvolvimento com uma qualidade política acrescida. Já basta do "nós" e do "eles", dos "bons" e dos "maus", dos que fazem e dos que se limitam a criticar. LNT Nota 01: Diz-se aqui que podemos estar sossegados. Mas ao manter a intenção de continuar, só nos resta manter o desassossego. Sejamos claros: Independentemente da boa intenção de seu mentor (o que sinceramente acredito) esta acção poderá não ser uma caça às bruxas, mas é um lodaçal demagógico de areias movediças. Nota 02: Blogs (Lista não exaustiva e em actualização) metidos nesta conversa: Adufe, Anarca Constipado, Abnegado, Bombyx Mori, Two Be, Marretas, Causa Nossa, O Jumento, Espumadamente
1:42:00 da tarde
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