segunda-feira, setembro 19, 2005
[1.263/2005] Parados (e a perder) até quando?
As eleições germânicas não despertaram muito interesse neste burgo lusitano. A cobertura televisiva, a que proporciona informação à maioria das pessoas, ao invés de outros canais europeus, foi pouca. Porquê? Provavelmente, como o Luís referiu, e bem, há dias, continua-se a proporcionar até à exaustão da chafurdice o lamaçal da mais reles da política nacional. Pensará alguém, porventura, que nós dependemos exclusivamente da nossa transpiração à beira-mar plantados para sobrevivermos? Nem a hiperpotência mundial depende exclusivamente do sucesso das suas fronteiras nacionais para ser bem sucedida, quanto mais um país como Portugal, que tem vindo, sucessivamente, a perder protagonismo e peso a nível internacional. Não compreender, nos Estados europeus, e em particular em Portugal, o que estava e está em causa com as eleições alemãs (para a Alemanha e para a Europa), é ignorar por completo o mundo em que vivemos. Quando o motor bloqueia, (quase) tudo pára. Assim, nós, europeus, damos conta desta insustentável situação de impasse quanto ao futuro que recrudesce. As potências asiáticas trepam sem cessar, os Estados Unidos vão aguentando o ritmo e a Europa está estagnada. Num globo excessivamente competitivo quem pára sujeita-se a perder as condições que tem. Assistimos e somos testemunhas reais de como a nossa condição, de cidadãos de uma Europa rica e anafada, começa a estar em perigo. Os deveres continuam a ser reivindicados, mas os direitos começam a ser cerceados. É da competição, dizem-nos os governantes e empresários: Se não queres perder as condições, trabalha mais, antes que qualquer asiático faça por ti aquilo que cobras com excesso e regalias. A escalada da competitividade a nível planetário tem colocado em causa muitas das conquistas, sobretudo sociais na Europa, no período pós-II Guerra Mundial. Saber ultrapassar com sucesso este desafio colocado pela globalização ao Velho Continente é ainda um enigma por decifrar. É percebido e compreendido que, enquanto o modelo europeu que preserva os valores sociais em concomitância e harmonizado com a dimensão económica, não for restaurado, para resistir às fortes e cegas ondas da competitividade global, são os direitos que se vão perdendo. A Europa já está a perder há alguns anos. CMC
6:01:00 da manhã
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