domingo, outubro 30, 2005
[1.504/2005] De repente, sem mais, desabam 31 anos de memória
Há 31 anos a notícia começava assim:
Viseu, 4 - Cerca das 17 horas de hoje, surgiu nos ares, vindo dos lados de Aveiro, onde tinha a sua base, um avião Harvard tripulado pelo aluno piloto António Carlos Moreira Marques, de 20 anos, solteiro, natural do lugar de Barbeita, Rio da Lomba. (...)
Fez no dia 4 deste mês a findar, meu querido Viseu, trinta e um anos que, 45 minutos depois, aterrei na Base Aérea nº 7, sem o meu asa ilegal. Quantos mais trinta e um terão de passar para esquecer a coluna de fumo? Éramos carne para canhão. Putos com bólides na mão dispostos a ser heróis. Mesmo que a heroicidade não nos corresse nas veias. Mas a adrenalina, a lerpa, a erva, a praxe, toda aquela merda (mais as namoradas, a instrução e o carago) faziam-nos super-homens. Uns esturricados, como tu, meu caro Viseu, Marques, outros sobrevivos em recordações, porque, dizem - se Deus nos não deu asas, deviríamos andar - sempre apostados em planos de voo, na acrobacia, na navegação, no voo por instrumentos. Haverá meu caro e querido amigo, companheiro, camarada de armas, meu saudoso ocasional asa, algum resquício de sentimento urbanóide em tudo isto? Desculpa a recordação. Trinta e um anos depois já não é admissível.(diz-se) LNT
2:48:00 da manhã
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