segunda-feira, novembro 07, 2005
[1.549/2005] Lições de Paris
Quando da tomada de posse do ACIME tive oportunidade de referir o profundo desacordo por saber que o nomeado não garantia a confiança política. Mais ainda quando o poder questionado sobre nomeações genéricas para cargos públicos respondeu, como exemplo, que o actual ACIME não era da sua área política. Volta agora o assunto à liça pela atenção que merecem os acontecimentos em França. O Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas tem um papel indissociável das políticas que o poder defende para esta área de actuação. Confundir o seu cargo eminentemente político com o de um gestor, por exemplo da Caixa Geral dos Depósitos ou da GALP, é um completo absurdo e revela insensibilidade para a panela de pressão que estas questões representam no Mundo actual. Compete ao ACIME agir de forma preventiva junto das comunidades para evitar que assuntos complexos, eventualmente geradores de conflitos, tenham de vir a ser resolvidos no âmbito dos Assuntos Internos ou da Defesa. Em Paris estão patentes os resultados dessa não prevenção. Tivessem feito a monitorização para levantamento dos sinais envolvendo na solução dos problemas as comunidades de onde são oriundos os jovens que vandalizam e aterrorizam principalmente essas mesmas comunidades e hoje seria mais fácil controlar os desordeiros. Da forma como as questões estão a ser colocadas na opinião pública (note-se que ainda não há informação sobre os grupos, nem se têm ligações no exterior) caminhamos rapidamente para o alastramento da violência, que poderá atingir níveis incontroláveis. Desenvolve-se o terreno fértil para se radicalizarem posições extremistas conducentes ao enraizamento de preconceitos étnico-religiosos, racistas e xenófobos, quando possivelmente estamos perante outros problemas de exclusão. Espero que o poder em Portugal tire a lição que deve e passe a encarar, com seriedade, os riscos que comportam não liderar politicamente estes assuntos. LNT Nota: Propositadamente só referi os efeitos. De momento nem vale a pena abordar a questão em termos de causas.
2:31:00 da tarde
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