sábado, novembro 26, 2005
[1.657/2005] A Ota não bate com a perdigOta
Fala-se em estudos. Apresentam, divulgam e, alguns, defendem os estudos. Mas um dos mais importantes estudos, o primeiro, o da viabilidade e rentabilização estratégica nacional, que deve conjugar as diversas infra-estruturas, as alavancas da economia, aos mais diversos níveis, tendo em consideração a posição geográfica do novo aeroporto, das linhas de TVG e dos portos, nada existe neste domínio. A escolha do local do novo aeroporto surge como um micro-organismo, dissociado do resto do país. Como se fosse possível escolher a localização sem ter em conta as vantagens e desvantagens para Portugal, no contexto ibérico e europeu. O local do novo aeroporto deve ser seleccionado com base, de antemão, num zona que não prejudique as diversas regiões do país. Por isso, promover uma única porta de entrada e saída, via área, é prejudicial para o desenvolvimento e crescimento do país, no seu conjunto. A localização do novo aeroporto, na Ota, contribui, precisamente, para o afunilamento, a nível interno, e torna Portugal um país periférico. Não menos relevante, são os traçados das linhas de TGV, que, como estão desenhadas, em conjugação com a localização do novo aeroporto, são prejudiciais. 1.No caso interno, com a ligação de TGV Lisboa-Porto, o aeroporto Sá Carneiro deixa de ter rentabilidade. Isto porque, com o novo aeroporto da Ota, quem chega a Portugal, prefere dirigir-se para o novo aeroporto. Lisboa fica a menos de meia-hora de distância e o Porto, com o TGV, fica a uma hora. Ou seja, Pedras Rubras deixa de ser pista atractiva, pois a procura vira-se para um ponto centralizador. E mais vale ir para um local que permita escolher outros destinos, no caso Lisboa ou Porto, do que confinar-se a um. Se para o utilizador isto é benéfico, para o país, nomeadamente para a sua economia, é prejudicial. A região norte, em concorrência directa com a capital, perde. Não só, mas também devido ao país já de si muito centralizado que temos. 2. No caso externo, e aqui as consequências são preocupantes. Com o novo aeroporto da capital a mais de 50 quilómetros, e com um TGV de Madrid a Lisboa, que se faz em três horas, o nosso aeroporto, no contexto ibérico passa para segundo plano. Pois quem vem de fora, para a península Ibérica, prefere o centro, isto é, Madrid. Pois a partir da capital espanhola, já de si centro de poder e decisão a nível internacional, a pessoa está a escassas horas de distância, via TGV, das duas pontas do rectângulo. Por isso, Barcelona ou Lisboa estão mais perto para quem está em Madrid. 2.1 Após a excelente e arriscada jogada da TAP, em relação à Varig, Portugal pode perder em concorrência directa com Espanha. Os dois Estados europeus que mais disputam o mercado sul-americano. Mercado emergente e que dentro de 10/20 anos pode tornar-se determinante para as economias ibéricas, se as relações entre a Península e o mercado da América do Sul se aprofundarem. O que já sucede com os espanhóis. Ora, tendo em consideração todo um mercado que procura uma porta na Europa, Madrid torna-se mais atractiva, pela centralidade, do que Lisboa. Infelizmente, falta estratégia ao país. E ela é gritante, como se comprova no caso dos portos. Temos melhor posição geográfica do que Espanha, no entanto os portos mais rentáveis são os espanhóis e não os portugueses. Agora, dá-se, no caso aéreo, de bandeja, a Madrid, o pólo centralizador da península. O Porto perde ainda mais protagonismo internamente e Lisboa, a nível peninsular, passa para segundo plano, atrás de Madrid. Definitivamente, a Ota não bate com a perdigOta. CMC
1:03:00 da tarde
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