quarta-feira, dezembro 21, 2005
[1.841/2005] Elmano Sadino
Retrato próprio Magro, de olhos azuis, carão moreno, Bem servido de pés, meão na altura, Triste da facha, o mesmo de figura, Nariz alto no meio, e não pequeno. Incapaz de assistir num só terreno, Mais propenso ao furor do que à ternura; Bebendo em níveas mãos por taça escura De zelos infernais letal veneno: Devoto incensador de mil deidades (Digo, de moças mil) num só momento, E somente no altar amando os frades: Eis Bocage, em quem luz algum talento; Saíram dele mesmo estas verdades Num dia em que se achou mais pachorrento. Manuel Maria Barbosa du Bocage
Estão a apagar os vultos literários portugueses dos manuais escolares. Bocage é um deles. Onde irá parar a nossa Cultura se a Educação base não lhe dá ferramentas? Bocage conheceu o sabor da prisão, no Limeiro, em São Bento. Actualmente a sua obra conhece o sabor do esquecimento. Faz hoje 200 anos que despareceu o poeta, tradutor nascido à beira Sado, que tanto ironizou e retratou com sarcasmo este país, no botequim do Rossio, actual café Nicola. Não é só Eça que tão bem descreve o comportamente social nacional destes dias, Bocage também continua actual. CMC
3:16:00 da tarde
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